07/07/21 | São Paulo
Reportagem publicada no Infosolar
Para o sócio-diretor Thymos Energia, Alexandre Viana, contratação não deverá superar os 200 MW médios para cada certame
A sobrecontratação das distribuidoras, o crescimento do mercado livre e as incertezas em relação a recuperação econômica devem levar a uma baixa contratação nos leilões de energia nova A-3/2021 e A-4/2021, disseram especialistas ouvidos pelo InfoSolar.
Programados para serem realizados nesta quinta-feira (8/7), a partir das 10h, estão cadastrados 1.841 projetos, totalizando mais de 66 gigawatts (GW) de oferta. Os interessados podem acompanhar a disputa pelo site da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Os certames visam a contratação de energia pelos prazos de 20 a 30 anos, com início do suprimento em 2024 (A-3) e 2025 (A-4). Participam da disputa projetos de fontes hidráulica, eólica, solar e térmicas a biomassa.
O sócio-diretor da Thymos Energia, Alexandre Viana, estima a contratação de apenas 200 MW médios para cada certame, considerando a conjuntura de sobrecontratação das distribuidoras de energia.
O sócio da G2A Consultores, Thiago Abreu, avalia que a expansão da capacidade de geração tem ocorrido via mercado livre, reduzindo a demanda do mercado regulado. Desse forma, é esperado uma “grande disputa e deságio no preço de venda final”.
No ano passado, os leilões foram suspensos pelo Ministério de Minas e Energia (MME) em razão da pandemia de covid-19. O último leilão de energia nova A-4 ocorreu em julho de 2019. Na ocasião, foram contratados 401,6 MW de potência e o preço médio foi de R$ 151,15 por MWh, com deságio médio de 45%. Dos mais de 1500 empreendimentos cadastrados, 15 foram contratados, sendo seis usinas solares que somaram 203 MW.
Ainda em 2019, foi realizado um leilão A-6, que resultou na contratação de 91 empreendimentos e 1.155 MW médios de energia. Neste certame, foram arrematadas 11 usinas solares fotovoltaicas.
O diretor técnico da PSR, Rodrigo Gelli, lembra que o atual cenário já afetou a contratação nos leilões de energia existente realizados em junho deste ano. “São demandas distintas, mas pela situação de sobrecontratação e a perspectiva de maior migração para o mercado livre, com aumento das tarifas de energia, criam-se muitas incertezas para as distribuidoras fazerem contratação”, explicou Gelli.
Adicionalmente, o sócio-diretor da Tempo Presente Consultoria e Energia, Ricardo Lima, destaca as incertezas em relação à recuperação econômica do País, bem como ao tratamento que será dado a energia da hidrelétrica de Itaipu após 2023.
A velocidade de construção das usinas solares e a grande oferta de projetos, porém, são fatores que podem favorecer a contratação da fonte fotovoltaica. Estão cadastrados mais de mil projetos, perfazendo uma oferta de mais de 40 GW em capacidade instalada.
“A solar, por ter uma implantação mais rápida, consegue antecipar a operação e vender no mercado livre. Com o ativo combinado, a fonte pode ser mais agressiva no leilão”, disse Viana, da Thymos.