LFA: exigências do ONS são bem-vindas, mas precisam ser refletidas nos preços dos leilões

09/02/15 | São Paulo

Associações estavam cientes das discussões, mas não esperavam a medida já para este leilão
Wagner Freire, da Agência CanalEnergia,

O leilão de fontes alternativas trará novas exigências para o setor eólico. O objetivo é aumentar a segurança da operação dosparques na rede. As novas exigências foram incluídas no edital a pedido do Operador Nacional do Sistema Elétrico. Uma das ideias é instalar equipamentos adicionais que minimizem os impactos da intermitência da fonte. Embora as discussões sejam de conhecimento dos agentes desde 2012, a proposta não era esperada para esse leilão, marcado para ocorrer no dia 27 de abril. “Para esse leilão, a gente não tinha certeza se vinha, mas sabia que isso viria em algum momento”, disse Elbia Silva Gannoum, presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Elétrica.
Elbia disse que não conhece os detalhes das exigências do Operador, mas a associação fará contribuições para aperfeiçoar o processo, que está em audiência pública até 6 de março. Para ela, toda proposta que vise a aumentar a segurança do sistema elétrico é bem-vinda, porém isso precisa ser refletido no preço-teto dos leilões. "De forma geral, colocar critérios de operação físicos que permitam a operação mais segura do sistema é uma linha que nós estamos de acordo." Contudo, "colocar mais equipamento
tem custo". Cálculos preliminares da Agência Nacional de Energia Elétrica dão conta que o aumento no orçamento da fonte deve ser da ordem de 3%. “No ano passado ficou bem claro que o preço teto estava baixo. Poderíamos ter contratado mais eólica. Eu posso afirmar que aquele preço está baixo", afirmou. Com uma carteira de 20GW, a ABEEólica espera que mais de 3GW sejam contratos neste ano em parques eólicos.
A executiva explica que existe um conceito de que o processo de operação das fontes intermitentes, eólica e solar, é mais complexo justamente pelo fato delas oscilarem. Portanto, o conceito de fonte intermitente é de não controlável. É exatamente isso que preocupa o ONS, já que a expectativa é que a fonte chegue ao final de 2015 com 10 GW operando no Brasil. Entretanto, é preciso ter cautela com as exigências, pois "têm certos conceitos que parecem até lenda a respeito a operação da eólica". "Se a gente está operando o Nordeste com 25% de eólica e até a agora está tudo bem, significa que isso não é tão complicado", disse ela.
Solar – Se aprovadas, as novas exigências de segurança também valerão para a energia solar. O presidente-executivo da Associação Brasileira de Energia Solar, Rodrigo Lopes Sauaia, disse que a entidade não foi consultada, porém tinha conhecimento desse posicionamento por parte do ONS. "A lógica por traz é importante para o setor elétrico, na medida em que isso aumenta a confiabilidade das fontes intermitentes. Mas é importante que isso se reflita de uma forma bastante responsável nas expectativas do governo para os preços das fontes", pontuou. Sauaia revelou que o governo pretende fazer um trabalho importante para acelerar a inserção da fonte solar na matriz elétrica. "A gente entende que isso vai acontecer tanto para geração distribuída como para centralizada."
O LFA destina-se à compra de energia a partir das fontes eólica e termelétrica a biomassa. Haverá a negociação de contratos na modalidade por disponibilidade, com prazo de suprimento de 20 anos, diferenciados por fontes. O início do suprimento será em 1º de janeiro de 2016, para empreendimentos a biomassa, novos ou existentes e 1º de julho de 2017, para novos empreendimentos de geração a biomassa e eólica.