26/07/16 | São Paulo
Seapac
A energia solar fotovoltaica representa atualmente 0,02% da matriz elétrica brasileira, conforme os dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR)
A aposta do governo para mudar esse cenário tem sido os leilões de energia, onde o país já conseguiu aproximadamente 15 gigawatts (GW) vendidos nesse setor.
A estimativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é que até a próxima década o Brasil possa gerar 60 GW de potência instalada apenas com a fonte solar fotovoltaica.
O alto custo de compra e instalação de painéis fotovoltaicos, no entanto, tem sido um dos maiores entraves para a disseminação do uso da energia solar no Brasil.
Segundo especialistas do setor, o valor pode chegar a R$ 50 mil em uma residência média, ou seja, de até quatro moradores. A carga tributária elevada torna a fonte uma das mais caras do mercado.
Além do custo, a dificuldade de expandir o uso também está ligada à dependência da importação de painéis fotovoltaicos. Hoje, o país não tem tecnologia ou insumos necessários para desenvolvê-los.
A avaliação é do estudo “Energia Solar no Brasil: Situação Atual, Perspectivas e Recomendações”, elaborado pelo Comitê de Energia da Academia Nacional de Engenharia (ANE). Segundo o pesquisador e coautor do estudo, Eduardo Serra, o Brasil possui uma infraestrutura “quase nula” de fabricação de energia solar fotovoltaica.
No país, fábricas de módulos fotovoltaicos ainda estão sendo instaladas nas regiões Nordeste e Sudeste, com capacidade de produção estimada entre 20 e 400 megawatts por ano (MWp/ano).
“Durante muito tempo vamos depender de importação de painéis fotovoltaicos.
Uma das razões é porque para produzi-los é preciso ter silício de grau solar. Apesar de o Brasil ser um dos maiores detentores, nós só fabricamos aqui em grau metalúrgico. É uma tecnologia cara e poucos países a fabricam”, informou Serra.
O pesquisador ressaltou a necessidade de considerar a inexistência de unidades de produção de silício grau solar no país, pois a produção de módulos fotovoltaicos precisa ter um volume compatível com o que está sendo contratado nos leilões.
Com a ausência de políticas de desenvolvimento tecnológico, ele não visualiza uma independência brasileira nesse campo. “Todos os módulos instalados nas futuras usinas, projetados para os próximos anos, certamente usarão painéis importados e inversores importados”, apontou.
Para o Brasil conseguir uma autonomia de produção da cadeia solar fotovoltaica, Serra defende a capacitação de mais profissionais de nível superior, com conhecimentos necessários das tecnologias da energia solar.
Dessa forma, eles atuariam em pesquisas básica e aplicada, criando projetos de engenharia e transferência de tecnologia de materiais e equipamentos utilizados.