08/12/16 | São Paulo
WWF Brasil
No Brasil, apesar da base da matriz elétrica ser por hidrelétricas, as mudanças no fluxo das chuvas têm causado diminuição no nível dos reservatórios e uma dependência de outras fontes complementares, em especial as termelétricas extremamente caras e poluentes.
Além disso, a produção de energia está concentrada em alguns pontos do país, fazendo com que a eletricidade precise atravessar milhares de quilômetros em diferentes ecossistemas até chegar a seu destino.
No Distrito Federal, por exemplo, mesmo com toda a irradiação solar, praticamente toda a eletricidade consumida em Brasília é gerada em outras regiões, com 80% vindo da Usina Hidrelétrica de Furnas e 20% da Usina de Itaipu ambas bem distantes por isso em constante risco de queda de energia.
Porém, um estudo inédito do WWF-Brasil em parceria com a Universidade de Brasília e apoio técnico da ABSOLAR mostra, em números, que o cenário não precisa ser assim.
O estudo, chamado “Potencial da Energia Solar Fotovoltaica de Brasília”, vai ao encontro do Programa Brasília Solar do Distrito Federal, institucionalizado pelo decreto 37.717, publicado no Diário Oficial em 20/10/2016 e pelas metas brasileiras de ampliação de oferta de eletricidade por fontes renováveis não hídricas e redução de gases de efeito estufa.
Sob a supervisão dos técnicos do WWF-Brasil, estudantes da UNB orientados pelo professor de engenharia elétrica Rafael Shayani mapearam os telhados de algumas regiões do DF, para a partir deles, avaliar o seu potencial de geração solar fotovoltaica. “Uma vantagem da energia solar em Brasília é que os módulos podem ser espalhados nos telhados, não vão ocupar área útil e tendem a se integrar com as edificações”, comenta Shayani ao acrescentar que seria uma solução para a crise energética.
De acordo com o relatório, a localização geográfica, pequena extensão territorial e alta taxa de irradiação, com mais de seis meses de seca por ano, dão a Brasília uma vocação natural para geração de energia solar fotovoltaica.
Veja alguns dados extraídos do documento: O recurso solar para o Centro-Oeste é equivalente ao encontrado nas regiões Nordeste e Sudeste, sendo que uma das melhores irradiações do Centro-Oeste e do Brasil se encontra no Distrito Federal (5,8 kWh/m2) 6085 GWh é o consumo anual de eletricidade no Distrito Federal
Em um prédio padrão das Asas Norte e Sul, com 6 andares, 8 apartamentos por andar, 1.250 m2 de telhado e consumo médio por apartamento de 215 kWh/mês, é necessário apenas 40% da área do telhado para gerar a eletricidade demandada dos apartamentos (sem contar a parte de uso comum)
O DF possui um território de 5780 km2. É possível gerar toda a eletricidade demandada no DF colocando módulos fotovoltaicos em somente 0,41% dessa área, o que equivalem a 24km2.
De acordo com o coordenador do programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, André Nahur, o estudo traz subsídios para que os empreendedores que querem apostar nesta nova tecnologia na região sintam-se confiantes e confortáveis em tonar-se pioneiros em uma nova cadeia produtiva regional. “O aumento da mini e microgeração de energia solar fotovoltaica trará benefícios para a população e para o próprio país, com maior demanda de mão-de-obra qualificada, fornecedores de equipamentos e de projetos de engenharia, além de gerar uma sociedade cada vez mais sustentável”, comenta Nahur.
Ainda segundo ele, a garantia de um fornecimento seguro de eletricidade é componente fundamental para o planejamento econômico regional. “Criar as condições para que a geração descentralizada de energia possa ser disseminada no Distrito Federal permitirá o desenvolvimento de novas cadeias produtivas”, completa.