16/02/17 | São Paulo
RFI Brasil
Os frequentes aumentos no preço da energia elétrica, nos últimos dois anos, levaram os brasileiros a se interessar por outros tipos de energia, especialmente a solar.
O setor registrou um crescimento de 300% em 2016 em relação a 2015 e continua a toda potência no início deste ano.
Uma recente pesquisa encomendada pela Ong Greenpeace ao Datafolha mostrou que 80% dos brasileiros estão conscientes de que podem gerar sua própria energia solar e 72% estaria disposto a fazê-lo. "É claro que o fato de ser uma energia renovável é importante, mas o que mais motiva os consumidores é a possibilidade de economizar. Em 2015, a média nacional de aumento da conta de luz foi 50%, em 2016 foi 30%, e isso pesa muito no bolso dos brasileiros", avalia a coordenadora da campanha de Energias Renováveis do Greenpeace, Bárbara Rubim.
Mas segundo ela, dois detalhes poderiam acelerar a micro e minigeração de energia no Brasil: mais informações aos consumidores e um esforço maior da parte do governo para financiar projetos de energia solar. Bárbara Rubim ressalta que, entre as possibilidades de gerar sua prória energia em casa, a solar é a mais barata, embora o investimento inicial seja alto. "Calculamos um investimento de R$ 15 mil para uma residência de quatro pessoas, mas, considerando as economias, esse valor seria reembolsado em uma média de sete anos", salienta.
A coordenadora da campanha de Energias Renováveis do Greenpeace enfatiza que o investimento é inicialmente alto, mas poderia ser aliviado caso o governo pemitisse, por exemplo, que o consumidor utilizasse seu FGTS para comprar a tecnologia. "Se os brasileiros pudessem ter acesso a esse mecanismo, gerar sua energia seria uma realidade para uma parcela muito maior da população", reitera.
Quem já gera energia solar no Brasil?
De acordo com Rodrigo Sauaia, presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), no Brasil, a geração de energia solar pode ser dividida em dois grandes segmentos de mercado: a centralizada que são as usinas de grande porte que produzem energia e a distribuem aos consumidores, e a distribuída, que são sistemas instalados nos telhados de residências, comércios, indústrias e prédios públicos. "Hoje, a maioria dos usuários desses sistemas, 79%, são pessoas em suas próprias casas gerando energia solar fotovoltaica para reduzir seus gastos de energia elétrica e contribuir com o meio ambiente", diz.
Sauaia indica que cerca de 15% dos projetos para geração de energia solar no Brasil são realizados por prédios comerciais, como farmácias, supermercados, postos de gasolina, além de empresas que trabalham com prestação de serviços, como escritórios de engenharia, arquitetura, advocacia, clínicas médicas. "Isso acontece porque, no país, gerar energia através de sistemas fotovoltaicos já é mais barato do que comprar essa energia de terceiros. Faz muito sentido as pessoas fazerem o uso dessa tecnologia."
Além das vantagens do baixo custo e de ser uma energia limpa, o Greenpeace ressalta que imóveis que utilizam hoje a energia solar também têm uma maior valorização no mercado imobiliário.
Expansão do setor estimulam a criação de novas tecnologias
De olho na expansão deste setor, as empresas vêm diversificando e apresentando novas tecnologias.
É o caso da francesa Ciel & Terre, que o oferece um novo sistema, de geração de energia solar sobre a água.
A empresa criou o Hydrelio, um produto único no mercado mundial para usinas flutuantes de geração solar. "Nosso trabalho tem muito a ver com a matriz energética brasileira, onde a geração hidrelétrica é muito importante, devido às condições naturais do próprio país, que tem uma imensa quantidade de rios de água doce", ressalta o sócio-diretor da Ciel & Terre no Brasil, Orestes Gonçalves.
Aproveitando as características naturais do Brasil, a geração de energia também pode ser híbrida, salienta o empresário. "Com a quantidade de rios e forte incidência solar, o país tem um potencial enorme e pode elevar a sua potência de geração de energia fazendo duas fontes operar ao mesmo tempo em uma única infraestrutura", observa.