05/10/17 | São Paulo
Entrou em operação na quarta-feira, em Porto Ferreira, a segunda microgeradora residencial de energia elétrica a partir da luz solar (fotovoltaica). Utiliza sete placas para captar a luz do Sol e tem capacidade para gerar 2,24 KWp. Outra microgeradora, pioneira no setor empresarial, com 158 placas e capacidade para gerar 50,0 KWp, entrará em operação nos próximos dias, assim que a Elektro liberar a geração distribuída, isto é, o lançamento em sua rede do excedente da produção particular, que se transforma em crédito para quem gera e pode ser abatido na conta de outra unidade empresarial/residencial com o mesmo CNPJ ou CPF.
Nos dois casos, o aproveitamento da luz do Sol vai proporcionar economia em torno de 95% na conta mensal de energia elétrica, com retorno do investimento em 6,8 anos, no projeto da geradora residencial, de pequeno porte, e em cinco anos no projeto da microgeradora empresarial. Graças a moderna tecnologia, em ambos os sistemas o funcionamento poderá ser monitorado a distância pela instaladora e pelo dono da microgeradora, via celular.
Economia – A microgeradora residencial em operação está instalada na casa de Kleber Luiz Belli, no Jardim Primavera. Custou em torno de R$ 20 mil, vai se pagar pela economia mensal e em 25 anos vai proporcionar ganhos de R$ 191,8 mil. A microgeradora empresarial está instalada na loja da Cerâmica Ana Paula, na Avenida do Comércio, e vai beneficiar também a loja da Cerâmica Giulia, do mesmo grupo empresarial. Neste caso, as cifras são maiores: o projeto custou R$ 221 mil, investimento com retorno previsto para cinco anos e ganhos de R$ 3.098,913,00 em 25 anos. Vale lembrar que os sistemas têm vida útil de 25 a 30 anos, mas podem durar além desse tempo. Os projetos de instalação dos sistemas residencial e empresarial podem ser financiados por linhas de crédito específicas e estimuladoras para a adoção da energia fotovoltaica.
“É a realização de antigo sonho, até há pouco tempo inviável devido ao alto custo”, diz Belli, gerente do Posto de Atendimento da Cooperativa de Crédito Crediguaçu, em Porto Ferreira. O projeto de Kleber Belli de preservação do meio ambiente e segurança não para na energia solar: ele já deu início às providências para implementar no quintal de casa um sistema subterrâneo para captação e armazenamento das águas de chuvas para uso externo (jardim, lavagem de carro e áreas calçadas) e até uso doméstico, em eventuais emergências.
Wagner Valdo, proprietário do grupo Cerâmica Ana Paula – uma loja na Avenida do Comércio, outra na praça Paschoal Salzano e a terceira (Giulia) no bairro Santa Maria, adotou a energia solar fotovoltaica por razões administrativas e socioambientais. Ao instalar ar condicionado na loja da Avenida do Comércio, um ambiente com 1000m², fez investimento alto, proporcionou mais conforto aos empregados e conquistou a satisfação dos clientes. Mas esse pioneirismo naquela área comercial elevou a conta de energia elétrica, que agora será abatida com outra ação pioneira no setor empresarial de Porto Ferreira – o uso da energia solar fotovoltaica. “Além de um esforço de gestão, esta iniciativa se alinha aos conceitos de preservação do meio ambiente e de sustentabilidade. A energia que deixo de usar poupa água na hidrelétrica e pode beneficiar outra empresa, principalmente quando se observa a diminuição acentuada do volume de nossos rios”, afirma o empresário Wagner Valdo.
Geração é livre – Como define resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), desde 17 de abril de 2012 o consumidor brasileiro pode gerar sua própria energia elétrica a partir de fontes renováveis (como é a solar) e fornecer o excedente para a rede de distribuição – a rede da Elektro, no caso de Porto Ferreira. Trata-se da micro e minigeração distribuída de energia elétrica, inovações que aliam economia financeira, consciência socioambiental e autossustentabilidade. Na geração distribuída, quando a quantidade de energia lançada na rede for superior ao consumo de quem gera, o consumidor fica com créditos que podem ser utilizados para diminuir a fatura dos meses seguintes, por prazo de até 60 meses.
Apesar dessa abertura, a cidade de Porto Ferreira, que até pouco tempo não tinha uma única empresa atuante na geração de energia elétrica fotovoltaica, agora tem três, o que mostra a evolução desse segmento, como assinala Renato Maestrello, técnico eletroeletrônico e diretor da Cergon Automação Industrial, empresa que instalou os sistemas na residência de Kleber e na Cerâmica Ana Paula. No momento, a Cergon trabalha na finalização de outro projeto de grande porte, em cidade próxima, que exigirá investimento da ordem de R$ 3 milhões.
Evolução – Com 30 anos no mercado, até o início deste ano a Cergon atuava apenas na instalação, revisão e manutenção de painéis elétricos e de automação industrial (controle de processos). Em energia solar, a Cergon atua em parceria integrativa com a ION Energia, empresa de Votorantin (SP) com forte posição no setor. Outro avanço da Cergon, representante autorizada dos motores Weg: em poucos dias, transfere sua sede da rua José Teixeira Vilela Pai, 1168, para a rua Urbano Romano Meireles, 696, ampliando as instalações de seu laboratório técnico-industrial de 100m² para 300 m², a fim de poder atender a crescente demanda pelos serviços prestados à indústria e agora ampliados com a atuação no segmento de energia solar fotovoltaica.
Para Maestrello, a evolução do segmento de energia fotovoltaica é bem mais ampla que o crescimento das empresas do setor. De fato, como confirma o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Sauaia, “a geração de energia solar fotovoltaica registrou uma importante redução de preços, nos últimos anos, porque esse tipo de tecnologia se tornou 80% mais barata”.
Para Sauaia, “em algumas regiões brasileiras é mais barato gerar a própria energia com painéis solares no telhado do que comprar a energia da rede de distribuição”. E vai mais longe: “Investir em energia solar fotovoltaica não é mais uma decisão puramente ambiental ou de consciência da sustentabilidade, mas acima de tudo, o principal motivo que faz as pessoas investirem nesta tecnologia é economia no bolso e competitividade para as empresas”, ressaltou Rodrigo Sauaia, há poucos dias, em entrevista para a Agência Brasil.
Números – Os números sinalizam que Porto Ferreira dá os primeiros passos no uso da energia solar fotovoltaica. Tínhamos, até agora, apenas uma geradora de energia residencial; desde esta semana, temos duas. Nos próximos dias, entra em operação a microgeradora da Cerâmica Ana Paula, a primeira no setor empresarial. Mas estamos atrasados, quando se compara o número de usuários de energia solar em Porto Ferreira com outras cidades do Vale do Mogi Guaçu. Na área de distribuição da Elektro existem atualmente 450 usinas solares com geração distribuída, totalizando potência de 1.961,83 KW. Desse total, Mogi Mirim tem 49 microgeradoras residenciais e 4 comerciais/industriais; Mogi Guaçu, 11 residenciais e 2 industriais; Conchal, 1 residencial; Santa Rita do Passa Quatro, 1 residencial e 1 comercial; Araras, 5 residenciais e 2 industriais; Leme, 7 residenciais e 1 comercial; e Pirassununga, 6 residenciais e 1 comercial, conforme registro da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Outras informações relevantes sobre o setor: a capacidade de geração fotovoltaica deverá crescer 325% até o fim de 2017; os investimentos até o fim de 2017 deverão somar R$ 4,5 bilhões. Pelos cálculos do setor, para cada MW de energia solar fotovoltaica instalados, são gerados de 25 a 30 postos de trabalho. São dados e informações que mostram ter o setor ficado à margem da crise, segundo o presidente da ABSOLAR.