26/05/23 | São Paulo
Reportagem publicada pelo Canal Solar
Entrou em operação nesta semana uma planta piloto de geração e armazenamento de energia solar, com capacidade para produzir hidrogênio a partir da fonte fotovoltaica e, em um processo reverso, gerar a energia elétrica para inserção no SIN (Sistema Interligado Nacional).
A planta está localizada na Usina Hidrelétrica de Itumbiara – unidade da empresa Furnas Centrais Elétricas, geradora do sistema Eletrobras – em Goiás (GO). O objetivo do projeto é estudar como atender demandas pontuais de energia ocasionadas por variações ocorridas diariamente no SIN.
A planta foi desenvolvida por um consórcio liderado pela empresa Base Energia Sustentável, em parceria com a Unicamp, Unesp, Senai Tecnologia e Automação de Goiânia e BTU/CEBra (BTU – Brandenburg University of Technology Cottbus Senftenberg).
Orçado em R$ 44,5 milhões, o projeto de pesquisa e desenvolvimento recebeu financiamento da ordem de R$ 40 milhões da Finep, empresa pública do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Os R$ 4,5 milhões restantes foram desembolsados por Furnas, a título de contrapartida.
O consórcio responsável pelo projeto foi selecionado em edital, lançado em 2016 pela Eletrobras Furnas, que considerou a proposta do grupo como a de maior aderência e melhor preço, visto que a seleção pública se baseou na Chamada 21 da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), que previa a elaboração de estudos, no Brasil, de tecnologias alternativas de armazenamento de energia para inserção no sistema elétrico brasileiro.
Planta piloto
A planta proporciona ganho de estabilidade ao sistema, já que permite armazenar a energia solar, nem sempre disponível, transformar essa energia em hidrogênio e, posteriormente, fazer a conversão deste combustível em energia elétrica.
“A máquina que transforma a energia solar em hidrogênio opera a partir da água. No projeto, foram empregadas três tecnologias interligadas, que incluem equipamentos específicos para geração e armazenamento de energia solar, de hidrogênio e, por último, de armazenamento eletroquímico em baterias de lítio, que também ajudam a devolver energia para o sistema”, informou o Finep.
Segundo Jacinto Maia Pimentel, do Departamento de Segurança de Barragens e Tecnologia da Eletrobras Furnas, o hidrogênio está em uso no Brasil há muitos anos, a diferença é que a tecnologia empregada ainda hoje na sua produção gera emissão de CO2 na atmosfera.
“A busca é por tecnologias que permitam obter o hidrogênio com o mínimo de carbono”, afirmou. Recentemente, a empresa alcançou um marco histórico no Brasil, do ponto de vista de pesquisa e desenvolvimento, de um volume de produção de 1,5 tonelada de hidrogênio verde, algo até então inédito no País.
De acordo com a Eletrobras Furnas, o domínio da tecnologia desta nova planta abre para a empresa possibilidades de comercialização do hidrogênio em novos mercados, incluindo os setores farmacêutico, alimentício e metalúrgico, onde existem perspectivas de negócios em torno de um possível fornecimento do combustível para fabricação do aço verde.
A companhia estima investir R$ 20 milhões até 2025 para entender melhor como funciona a cadeia de produção do hidrogênio verde e, com isso, baratear o processo de obtenção do combustível no país.