Placas de energia solar quebram ciclo de isolamento cultural e econômico de comunidades ribeirinhas

10/07/23 | São Paulo

Publicado em A Crítica

Amazonas Energia, por meio do programa Mais Luz para a Amazônia, rompe décadas de falta de oportunidades para moradores de regiões isoladas

Henrique Moreira, 12 anos, é descendente de uma família que vive da pesca. Até pouco tempo atrás, o destino dele parecia ser o mesmo dos tataravôs, bisavôs, avôs e dos próprios pais. A chegada das placas de energia solar na comunidade Monte Sinai, localizada a mais de duas horas de voadeira de Manaus, mudou por completo as expectativas do menino.

Desde que o programa do Governo Federal Mais Luz para a Amazônia (MLA), implementado no estado pela Amazonas Energia, instalou placas de energia solar nas casas da comunidade, o menino sonha com algo até então impensável numa família de pescadores. “Posso estudar a todo momento. Vejo jornal na televisão para me informar e, com a energia, a gente tem até internet. Estou me dedicando ao máximo. Quero ser advogado. Vou ser o primeiro doutor lá de casa”, disse o menino, usando bermuda e sandália de borracha, ao lado da professora Dileane Santos e dos quatro colegas de sala. Os futuros policial, enfermeira, médico e outra advogada sonham com profissões bem diferentes de suas famílias.

O MLA revolucionou as expectativas das crianças e adolescentes assim como duplicou a projeção de faturamento dos produtores rurais. Na comunidade São Francisco do Lago Aruarú, situada a cerca de três horas de voadeira de Manaus, o kit de placas de energia solar, que custa cerca de R$ 47 mil, foi instalado, gratuitamente, no teto das 100 casas. Com a energia permanente, os agricultores fazem planos para aumento da produção e das vendas.

Francisco Pereira Serrão, presidente da Associação do Produtor Rural daquela localidade, é um incansável trabalhador da terra, que confia na elevação do faturamento a partir da diminuição das perdas. “Eu colhi 30 mil abacaxis, perdi a metade porque não tinha onde estocar a polpa. Parei de plantar. Agora, devo retomar a produção. Com a energia boa, de qualidade, me animei a comprar um freezer. Vou ter onde guardar as polpas de frutas como abacaxi, açaí, tucumã e doce de banana”, falou.

Segundo Francisco Serrão, o faturamento dos produtores rurais daquela localidade varia de R$ 20 mil a R$ 40 mil ao ano. Com a energia, poderão estocar os produtos e ampliar a rede de clientes, deixando de atender, exclusivamente, moradores da localidade onde vivem e passando a vender para outras comunidades e, futuramente, até se tornarem fornecedores do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

MLA reduz desigualdades sociais

Durante as visitas, as equipes da Amazonas Energia esclareceram que haverá uma cobrança mínima pelo uso do sistema, por meio da tarifa social que beneficia os inscrito no Cadastro Único (CadÚnico). Os kist são cedidos. Cada família torna-se fiel depositária, respondendo, legalmente, pelos produtos adquiridos com recurso da União. “Seguindo as orientações corretas para o uso do equipamento, evitando sobrecargas, os kits podem durar de 15 a 20 anos nas casas”, explicou Telma de Paula, técnica da Amazonas Energia.

Um dos aspectos mais significativos pontuados pela técnica foi a redução da desigualdade social a partir da formalização do endereço que, a partir da chegada do projeto, pode ser comprovado por meio da fatura. “Com esse documento, esses moradores podem tirar cartão de crédito, cartão de lojas, se inscrever em processos seletivos de empresas. Um sonho antigo que foi realizado”, destacou Telma.

O programa Mais Luiz para a Amazônia deve beneficiar, ao todo, 7.258 famílias no estado. Atualmente, a Amazonas Energia instala os kits nos municípios de Tapauá, Lábrea, Pauini e, em agosto, Boca do Acre. Também irá atender Atalaia do Norte, Anori e Nhamundá.