22/07/20 | São Paulo
Revolusolar. Este é o nome do projeto do Rio de Janeiro que está entre os cinco finalistas do prêmio Jovens Campeões da Terra na América Latina e Caribe, promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. O objetivo da iniciativa é apoiar projetos inovadores de jovens ambientalistas e empreendedores, com idade entre 18 e 30 anos.
O idealizador da Revolusolar é o economista Eduardo Ávila, de 25 anos. Em 2015, junto com lideranças da favela da Babilônia, na zona sul do Rio, começou o projeto de levar energia solar para essa comunidade, que assim como tantas outras da cidade e do Brasil inteiro, sempre teve acesso mínimo a serviços básicos de infraestrutura, como por exemplo, energia elétrica.
Além de ser um serviço caro para o orçamento dessas famílias, muitas vezes ele também é precário, por isso mesmo, muitos moradores acabam optando pelos “gatos”, quando se tem acesso à eletricidade através de ligações ilegais com a rede de distribuição municipal. Cerca de 25% da população carioca vive em favelas.
Com um potencial gigantesco para produzir energia solar – o que não falta no Rio de Janeiro é sol e calor -, o projeto instala painéis fotovoltaicos na comunidade. Além do Morro da Babilônia, a favela Chapéu da Mangueira também aderiu à iniciativa.
Objetivo é que o projeto se torne um negócio social, administrado pelos próprios moradores
O custo para a implementação do equipamento foi dividido entre famílias e comerciantes locais. Apesar de ainda ser um investimento caro, sobretudo para pessoas de baixa renda, nos últimos anos, houve uma redução de quase 85% no valor desses materiais, garante Ávila. Por outro lado, a conta de energia elétrica no Brasil deu um salto de 105%.
“Além da instalação dos painéis solares, oferecemos treinamento profissional para os moradores da comunidade como eletricistas e instaladores solares, assim como promovemos oficinas para crianças sobre sustentabilidade”, explica Ávila.
Workshop sobre sustentabilidade realizado com crianças da comunidade
O próximo passo da Revolusolar, que será colocado em prática já este ano, é organizar a primeira cooperativa solar em uma favela.
“O modelo de financiamento inclui patrocinadores institucionais e um componente de aluguel: os beneficiários de energia solar pagam uma taxa mensal (parte da economia com a conta de luz). Esperamos que esse piloto seja o começo de uma revolução solar, visando o desenvolvimento sustentável de comunidades de baixa renda por meio da energia solar”, diz.
A ideia do empreendedor é que a cooperativa se torne um negócio social, gerido pelos próprios residentes da favela.
Financiamento e mentoria
Caso o projeto brasileiro Revolusolar seja o ganhador na região América Latina e Caribe – são 35 finalistas no mundo todo* -, ele ganhará receberá 10 mil dólares, bem como suporte personalizado para desenvolver o negócio e acesso a contatos e mentores capacitados.
“Apesar dos desafios decorrentes da COVID-19, as soluções apresentadas pelos finalistas deste ano são incríveis. É claro que a pandemia não interrompeu a luta por um mundo melhor. Pelo contrário, ela nos fez lembrar o que está em jogo em nossa batalha pelo planeta e destacou a importância de reconstruirmos um mundo melhor para enfrentar a crise climática e preservar a saúde humana e do planeta”, afirmou a diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen.
“Jovens de todo o mundo estão chamando a atenção para as escolhas erradas que fizemos e para os impactos futuros da destruição ambiental. Estamos comprometidos em garantir à juventude uma voz, uma plataforma e uma oportunidade para triunfar em sua jornada, enquanto inspiramos milhões de outras pessoas a se juntarem a essa luta”, acrescentou.
Em 2019, o prêmio da ONU teve uma brasileira entre as vencedoras globais. A baiana Anna Luisa Beserra, de 21 anos, desenvolveu um filtro que limpa a água da chuva. O aparelho tem baixo custo e fácil instalação, além de garantia de eliminar 100% das bactérias da água (leia mais aqui).
*Com informações da ONU Brasil