Energia solar fotovoltaica deve se tornar a principal fonte do Brasil

02/10/23 | São Paulo

Reportagem publicada em Business News Americas

A energia solar fotovoltaica está no caminho de se tornar a principal fonte energética do Brasil em termos de potência nos próximos 30 anos, prevê o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia.

De acordo com a Aneel, a capacidade instalada total do país é atualmente de 195,7 GW, sendo 103,2 GW de hidrelétricas de grande porte, 46,5 GW de usinas térmicas, 27 GW de eólicas, 10,4 GW de fontes solares, 5,8 GW de PCHs, 2 GW de usinas nucleares e 875 MW de CGHs.

Dos 175 GW de novos projetos autorizados pela Aneel para conexão à rede nos próximos anos, quase 80% (135 GW) são solares fotovoltaicos.

Enquanto isso, os empreendimentos térmicos e eólicos aprovados pelo regulador totalizam 8,5 GW e 28 GW, respectivamente.

Os números não incluem a geração distribuída, que soma quase 24 GW. Dessa capacidade, mais de 90% é baseada em energia solar fotovoltaica e provavelmente verá um novo ciclo de expansão de investimentos em 2024.

“Nossa expectativa é que, com o tempo, a fonte solar consiga avançar e subir nas posições de fornecimento de energia elétrica”, disse Sauaia à BNamericas.

Segundo ele, a tecnologia fotovoltaica também está muito presente em sistemas isolados, que não estão conectados à rede nacional e ficam, em sua maioria, na região amazônica, em áreas rurais e ilhas.

“Esse segmento, que desempenha um papel importante no país, nem sempre aparece de maneira explícita nas estatísticas”, acrescentou Sauaia.

GERAÇÃO DE ENERGIA

Na semana de 16 a 22 de setembro, a geração solar totalizou 7.265 MWmed superando, pela primeira vez na história, a geração térmica (7.134 MWmed).

Na semana seguinte (23 a 29 de setembro), a energia solar ficou um pouco abaixo da térmica, com 6.239 MWmed, em comparação com 6.520 MWmed desta última.

Esse cenário surge cinco meses após a geração solar ultrapassar a nuclear, que gira em torno de 2.000 MWmed, e deve permanecer assim até a conclusão da usina de Angra 3, em 2030.

Mas o terceiro lugar da energia solar no ranking de geração do Brasil (atrás das fontes hídrica e eólica) depende das condições dos reservatórios de água: quanto piores estiverem, mais unidades térmicas deverão ser despachadas para garantir o abastecimento, já que a fonte solar é intermitente.

Segundo o operador da rede ONS, três subsistemas estimam níveis de energia armazenada acima de 60% para o final de outubro: Sul (95,8%), Sudeste/Centro-Oeste (66,5%) e Nordeste (61,3%).

“Outubro é mês de encerramento do período tipicamente seco, o que torna os resultados mais relevantes”, disse o ONS em um comunicado recente.

A previsão de energia armazenada para o subsistema Norte no final do mês é de 57,6%.

Na semana passada, a geração hídrica totalizou 46.303 MWmed, representando 66,7% da geração elétrica nacional de 69.495 MWmed.

Em seguida veio a energia eólica, com 9.542 MWmed.

A situação é completamente diferente daquela vivida na última semana de agosto de 2021, quando a geração térmica atingiu 34.172 MWmed, em comparação com 32.721 MWmed de geração hídrica, em meio à pior seca registrada em 91 anos.

Nessa mesma semana, a geração solar foi de 953 MWmed.

Com o crescimento da capacidade instalada de energia solar – e sobretudo se for associada a sistemas de armazenamento de energia –, o déficit relacionado à geração térmica durante os períodos de seca poderá ser reduzido no futuro.