16/01/24 | São Paulo
Reportagem publicada pelo Canal Solar
Levantamento publicado pela Solarbe Global aponta tendências que podem ocorrer no decorrer deste ano
No cenário de desenvolvimento da indústria de energia solar para 2024, uma série de previsões foi apresentada, nesta terça-feira (16), pela Solarbe Global – um dos grandes institutos de pesquisa e insights sobre a cadeia produtiva fotovoltaica, com foco no mercado de fabricantes e novas tecnologias.
Entre as avaliações feitas pela entidade estão a maior participação de tecnologias do tipo N no mercado, a continuidade de queda no preço dos módulos fotovoltaicos e as instalações com uso da fonte alcançando volumes significativos no mundo.
Confira abaixo as seis previsões principais apontadas para Solarbe Global para o mercado de energia solar e para a cadeia de fornecimento em 2024:
1. Preço do polissilício deve cair
A primeira previsão destacada pelo instituto diz respeito ao preço do polissilício no mercado internacional, que deve registrar redução em razão do grande volume ofertado.
A entidade aponta que, até dezembro de 2023, a produção global do insumo era de 1,475 milhão de toneladas, com capacidade de 2,4 milhões de toneladas.
Até o final de 2024, a entidade estima que a capacidade ultrapassará 3 milhões de toneladas. “É evidente que, após alguns anos de expansão frenética, o setor do polissilício deverá permanecer em situação de excesso de oferta em 2024, com reduções de preços”, destaca a Solarbe.
No entendimento da empresa, a tendência é que ao longo do ano (na ausência de imprevistos ou circunstâncias especiais) os preços do insumo cheguem a ficar abaixo de CNY 50/kg.
“A nossa previsão é que, pelo menos até ao final de 2024, o excesso de oferta continuará a ser o tema dominante no setor da produção fotovoltaica”.
2. Preços dos módulos FV devem cair gradativamente
Em seu estudo, a Solarbe Global informou que acompanhou de perto as licitações na indústria solar em 2023, especialmente no setor de módulos fotovoltaicos, divulgando estatísticas mensais sobre os resultados das licitações.
Segundo a empresa, no ano passado os preços de oferta flutuaram frequentemente, mostrando alguma correlação com as tendências dos preços do silício, mas com amplitudes menores.
“Os valores de desvio entre os preços de proposta em concursos individuais aumentaram, indicando perspectivas variadas sobre as tendências futuras do mercado entre as diferentes empresas (…) Atualmente, a maioria das empresas, incluindo marcas de primeira linha, podem aceitar preços de módulos relativamente mais baixos, já que todos competem pela sua participação no mercado”.
Ainda de acordo com a Solarbe Global, o volume de remessas combinadas dos quatro principais fabricantes de painéis solares do mundo excederam 270 GW em 2023, enquanto as remessas combinadas das nove principais empresas foram de cerca de 400 GW.
“Isso deixa pouco espaço para outras marcas, e a fabricação por contrato tornou-se um negócio crucial para alguns fabricantes de módulos”.
Para a entidade, a recente licitação de 42 GW da PowerChina, realizada em 9 de janeiro, teria “arrepiado” o mercado, com o preço de oferta mais baixo para módulos bifaciais tipo P (CNY 0,806/W) e para módulos bifaciais do tipo N (CNY 0,87/W), estabelecendo novos recordes para licitações de módulos domésticos.
“Esta encomenda massiva, que dá o tom ao mercado este ano, sinaliza uma concorrência intensa e reafirma que os preços baixos continuam a ser a arma convencional nos concursos de módulos, exacerbando a concorrência interna”.
3. Aumento na participação do tipo N
De acordo com a Solarbe Global, em 2023 o mundo registrou uma produção de 592,35 GW de wafers de silício na indústria solar, dos quais os do tipo P representaram 65% deste total (385,03 GW).
Já os wafers de silício tipo N, apesar de constituírem os demais 35%, com uma produção de 210,32 GW, superaram todas as expectativas do mercado, com pelo menos sete empresas registrando vendas de módulos do tipo N superiores a 50%.
No mesmo período, ao menos 15 fabricantes teriam declarado, explicitamente, a sua intenção de alcançar uma quota de remessa deste tipo de módulos superior a 60% em 2024.
Além disso, entre as nove principais empresas de módulos fotovoltaicos do mundo, cinco estabeleceram metas ambiciosas de ultrapassar 70% da quota de mercado de módulos do tipo N, com o maior visando 85%.
Nesse sentido, a Solarbe destaca que espera que – dentro do cenário dos módulos do tipo N – a tecnologia TOPCon alcance mais de 50% da participação de mercado em 2024, enquanto que os volumes de remessas da HJT podem ter um aumento duplo em relação à linha de base de 2023.
Em termos de capacidade de produção, a análise estatística da Solarbe Global prevê uma capacidade de células do tipo N superior a 1.000 GW até o final de 2024, com a TOPCon contribuindo com mais de 800 GW.
4. Energia solar distribuída pode atingir 100 GW
De acordo com estimativas da indústria, a Solarbe Global aponta que existe uma grande chance de a capacidade global combinada de energia solar no segmento de geração distribuída atingir a marca de 100 GW em 2024,
Embora a entidade preveja que as instalações solares residenciais testemunhem um declínio em relação à 2023, os setores comercial e industrial, por sua vez, contam com um potencial significativo de crescimento.
5. Aumento de projetos em escala de serviços públicos e iniciativas offshore
A quinta previsão apontada é que a trajetória de crescimento dos projetos solares de grande escala deverá continuar a subir, especialmente o de projetos solares offshore.
“Os incentivos políticos oferecidos pelas províncias costeiras estão a tornar os empreendimentos offshore mais atraentes e várias regiões estão a alargar políticas preferenciais para incentivar os investimentos neste domínio”, destaca a Solarbe Global.
De acordo com a empresa, a fronteira offshore está “pronta para exploração e espera-se que os intervenientes da indústria aproveitem as oportunidades apresentadas por estas iniciativas”.
6. Instalação solar global aumentará entre 15 e 20%
Para 2024, a Solarbe Global prevê uma taxa de crescimento no volume de instalações solares (em GW) superior a 15%, com os mercados estrangeiros (fora da China) preparados para contribuir significativamente.
Segundo a entidade, em muitas partes do mundo, a energia solar tornou-se a opção energética com melhor relação custo-benefício, não necessitando mais de competir apenas por meio de reduções de preços com fontes como o carvão, a energia hídrica e a energia eólica.
No entanto, o potencial para uma maior expansão do mercado poderia ser um tanto limitado em razão dos preços já reduzidos na indústria solar.
“O crescimento do mercado solar depende agora em grande parte da crescente procura de energia e eletricidade em diferentes regiões, do crescimento económico global global e do compromisso com a neutralidade carbónica em mercados específicos”, finaliza a Solarbe Global.