01/12/20 | São Paulo
Nos últimos anos, as fontes de energia renováveis se desenvolveram de forma impressionante e alcançaram a liderança da expansão mundial da oferta de geração elétrica.
Com menor custo que as tradicionais fontes poluentes, elas já são a escolha mais econômica e o caminho para descarbonizarmos nosso setor elétrico e frearmos o aquecimento global.
O potencial existe e foi demonstrado em cálculos por cientistas, que afirmaram que apenas 1,2% do território do Saara coberto por placas solares seria o suficiente para abastecer todo o mundo.
No entanto, uma grande barreira no crescimento das fontes limpas é o fato de não estarem disponíveis no mesmo ritmo com que consumimos energia. Ou seja, a todo o momento.
Uma solução para isso está nas tecnologias de baterias para armazenamento em grande escala que, embora confiáveis, possuem custo alto de produção e demandam recursos naturais finitos.
Mas uma outra saída para esse problema pode ser a instalação de estações solares no espaço, conceito idealizado pela primeira vez em 1920 e que fica cada vez mais próximo da realidade.
Além de teoricamente possível, a utilização do painel solar em larga escala no espaço apresenta diversas vantagens em relação às aplicações que crescem a cada ano no mundo.
Uma usina solar em órbita no espaço poderia estar em frente ao Sol 24 horas por dia e gerar mais energia devido à ausência da atmosfera, que absorve e reflete parte da luz que chega à Terra.
Entretanto, a montagem, envio e implantação dessas estações, que podem ter até 10 km² de extensão, ainda representam desafios que os cientistas de diversos países tentam solucionar.
Para isso, as pesquisas envolvem diferentes técnicas que visam diminuir o peso dos materiais utilizados e, assim, reduzir um dos maiores custos desses projetos: seu lançamento ao espaço.
Alguns exemplos são o envio de milhares de satélites menores para formar um único grande gerador e técnicas de impressão 3D de células fotovoltaicas ultraleves em grandes velas solares.
Uma vela solar é uma membrana dobrável, leve e altamente reflexiva, que fabricada com células fotovoltaicas poderia formar as estruturas de grandes estações espaciais de energia solar.
Além do desenvolvimento de técnicas para a construção das usinas solares diretamente do espaço, essas pesquisas ainda consideram a utilização de seus recursos, como materiais encontrados na lua.
Outro grande desafio é como enviar essa energia à Terra, para o qual a melhor solução hoje seria a utilização de ondas de rádio eletromagnéticas, como já foi demonstrado em projetos desenvolvidos pela Agência de Exploração Aeroespacial do Japão.
Isto é, converter a eletricidade gerada pelas estações solares em ondas de energia e usar campos eletromagnéticos para transferi-las para uma antena na superfície da Terra que, então, faria o processo reverso.
Embora ainda exista muito trabalho a ser feito, a estimativa é que as primeiras estações solares espaciais estejam em operação já no fim das próximas décadas.
Como o projeto Omega, que poderá fornecer 2 Gigawatts de energia à Terra em sua máxima capacidade e o qual os cientistas chineses pretendem tornar operacional em 2050.
A esperança é que, mais que um marco da capacidade tecnológica do ser humano, as usinas solares espaciais se tornem uma poderosa arma no combate ao aquecimento global.