11/04/25 | São Paulo
Líderes do setor solar, do sistema elétrico e autoridades discutem evolução do Ambiente de Contratação Livre (ACL)
“Há grande potencial de expansão da energia solar até 2032, um processo sem volta, em nossa visão”. A fala entusiasmada de Rodrigo Sauaia, Presidente Executivo da ABSOLAR, deu o tom do Mercado Livre ABSOLAR, evento realizado nesta quinta-feira, 10 de abril, no Teatro B32, no coração financeiro de São Paulo/SP.
Mais do que expectativas, toda a cadeia da solar se apoia em dados para fazer suas projeções otimistas de futuro. A fonte já é protagonista na oferta de energia elétrica, a segunda em importância na matriz energética brasileira, responsável por 22% da potência gerada no País. Sauaia comemorou o terceiro lugar do Brasil no ranking mundial de acréscimo anual de energia solar e ressaltou o impacto direto do setor na economia nacional, com a geração de mais de 1,6 milhão de empregos diretos desde 2013, entre Geração Centralizada (GC) e Geração Distribuída (GD). “O Ambiente de Contratação Livre (ACL) já representa mais de 43% do consumo nacional, com cerca de 65 mil novas unidades consumidoras somente em 2024. Este mercado oferece mais liberdade e economia para os consumidores, buscando melhores condições de fornecimento, sustentabilidade e preço”, afirmou.
Solar em busca da consolidação
Mesmo em viés de crescimento, o ACL busca se consolidar no mercado e, para isso, é fundamental a regulamentação do armazenamento e do ressarcimento dos cortes de geração de energia elétrica (curtaiment). Pelo menos esta é a avaliação de Marcio Trannin, 1º Vice-Presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR: “O curtaiment é a maior dor do setor solar fotovoltaico, com perdas na casa de R$ 1 bilhão”. Mas Trannin acredita que é possível tornar o segmento sustentável, com a possibilidade de novos leilões, entre eles, o de baterias, além de buscar novas demandas, como o hidrogênio verde, fornecimento para datacenters e a eletrificação da frota nacional de veículos. Ele também pediu a “escuta ativa do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)” para compreender as demandas dos atores do setor solar, principalmente sobre cortes de geração de energia elétrica.
A visão do Legislativo e do setor elétrico
Atores do setor elétrico e do Poder Legislativo também participaram do evento. O Senador Irajá Silvestre Filho (PSD-TO), enalteceu o potencial energético das fontes renováveis, em especial a solar. Ressaltou o PL 2562/2011, de sua autoria, que visa conceder incentivos fiscais para energia solar, que considera “um vetor de desenvolvimento econômico preservação ambiental”.
Arthur da Silva Santa Rosa, Gerente Executivo de Procedimentos e Desenvolvimento da Operação do ONS, afirmou que algumas ações são importantes para o desenvolvimento do mercado, como a melhoria dos sistemas de previsão de cortes de geração em tempo real, programação determinativa para usinas solares, geração disponível de UFV em tempo real, representação das usinas solares nos programas de simulação, expansão dos sistemas de transmissão, sistemas de armazenamento, além dos desdobramentos da Consulta Pública 45, sobre curtailment, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Adriana Sambiase, Gerente Executiva de Cadastros e Contratos da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), destacou que, com o crescimento do segmento da energia solar, houve “emponderamento do consumidor e democratização do acesso à energia” limpa e barata. Disse também que a meta da CCEE é simplificar suas operações para facilitar o ambiente de negócios do Mercado Livre de Energia.
Solar quer regulamentação e incentivos
Figuras de relevância do setor solar reforçaram o coro por regulamentação, implementação de políticas públicas, incentivos e investimentos na energia solar no ACL. Talita Porto, Diretora Técnico-Regulatória da ABSOLAR, defendeu o uso de novas tecnologias e a solução estrutural para corte de geração, por meio da realização de Leilão de Reserva de Capacidade e dos benefícios fiscais do Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (REIDI), que desonera a implantação de projetos de infraestrutura, entre eles, os de energia solar. Ressaltou as ações da ABSOLAR pela manutenção das condições de acesso ao financiamento e tributação mais favorável, além dos problemas de acesso à conexão. Falou sobre a interlocução com a Aneel para conceder segurança jurídica ao setor e gerar novos negócios.
Perspectivas para o futuro
Com a realização de leilões na área e impulsionamento das novas demandas de energia elétrica, segundo Camila Ramos, Vice-Presidente de Investimentos e Hidrogênio Verde da ABSOLAR, em 2025 será possível, pela primeira vez, uma geração na escala de GW, entre 3 GW/h e 12GW/h.
De olho no presente e no futuro da energia solar, também foram apresentadas referências internacionais e expectativas para o armazenamento de energia elétrica no Brasil. Mauro Basquera, Gerente de Engenharia para a América Latina da Sungrow deu exemplos de práticas dos sistemas de armazenamento no Reino Unido, Itália e Chile, bem como estão estabelecidos os mercados, os tipos de uso e como são remunerados.