23/11/23 | São Paulo
Reportagem publicada em Suzano TV
Para Christian de Souza Barauskas Cecchini, especialista técnico regulatório na Absolar, o Brasil se destaca como uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, possuindo uma abundância de energia renovável. Ele enfatiza a capacidade de direcionar essa energia para a produção de hidrogênio, a eletrificação de frotas e como matéria-prima para produtos ecológicos, o que possibilitaria a exploração das energias renováveis e a expansão nos mercados internacionais. Em termos de recursos energéticos, o Brasil está bem posicionado, porém, ele considera essencial a implementação de políticas que impulsionem esse potencial.
Uma questão de atenção apontada é a discrepância no apoio governamental entre fontes renováveis e fósseis (petróleo, diesel, gás natural e carvão).
“As fontes renováveis recebem menos apoio do governo federal, apesar de atrair mais investimentos, gerar três vezes mais empregos do que as fontes fósseis e contribuir para uma transição energética sustentável. É crucial inverter essa lógica, aumentando o suporte para as fontes limpas e renováveis”, destaca Cecchini.
Mais negócios com geração distribuída
O especialista identifica na geração distribuída (produção de energia elétrica por consumidores independentes) um nicho com enorme potencial de crescimento a ser explorado em que poderiam ser alocados estes investimentos. “A geração distribuída está presente em apenas três por cento das residências brasileiras, enquanto países como Austrália já alcançaram vinte ou trinta por cento nesse aspecto. Considerando que utilizamos apenas dois por cento desse recurso atualmente, ainda há espaço para crescer, possivelmente até noventa por cento, representando um mercado promissor”, analisa Cecchini.
Esses benefícios se estendem ao contexto social, já que a geração distribuída de energia solar representa uma oportunidade para democratizar o acesso à energia elétrica limpa e acessível. “Estamos falando de mais de R$ 84,9 bilhões em benefícios sistêmicos ao setor elétrico até 2031, o que poderia reduzir em 5,6% a conta de luz dos consumidores”, calcula.
Na visão do especialista, há uma grande oportunidade, especialmente para o Rio Grande do Norte, na combinação de energia eólica e solar em um mesmo terreno, reduzindo os custos de implantação devido à infraestrutura já existente. Ele destaca que essa estratégia, aliada à geração de hidrogênio a partir dessas fontes, pode ser fundamental. “Quando há restrições no sistema de transmissão de energia, podemos produzir localmente, em vez de exportar para outros estados, gerando riqueza, empregos e benefícios sociais significativos”.