02/01/23 | São Paulo
Reportagem publicada pelo A Tarde
Tecnologia aumenta a competitividade, reduz custos, otimiza as produções e gera alternativas mais sustentáveis
O agronegócio brasileiro tem apostado cada vez mais no uso de tecnologias a fim de aumentar a competitividade, reduzir custos, otimizar as produções e gerar alternativas mais sustentáveis para o setor.
A energia solar entra bem nessa equação: renovável e uma das mais limpas de produção energética, a tecnologia tem atraído a atenção do segmento rural brasileiro, que é o terceiro com maior número de conexões e potências instaladas, atrás das residências e empresas de comércios e serviços, e corresponde a 13,1% de toda a potência solar distribuída instalada no Brasil.
O produtor rural Ricardo Covre foi um dos primeiros a empregar as placas solares no município de Itabela, extremo sul da Bahia, e garante que, hoje em dia, outros produtores já popularizaram a tecnologia na região. Segundo Ricardo, as formas de utilização da energia solar são diversas e os benefícios contemplam todos os segmentos do agronegócio.
“Além da questão financeira, já que, a depender do número de placas, você consegue zerar o consumo de energia elétrica, tem a questão da sustentabilidade”, diz. Ainda segundo o produtor rural, as vantagens se estendem tanto para os produtores que trabalham com irrigação, onde o kW é mais baixo, até os que trabalham com motores elétricos, em que, mesmo sem benefícios para o kW, o uso das placas vale a pena.
O CEO da empresa baiana SDB Energia Solar, Lucas Macedo, explica que o projeto de energia solar é pago, em média, no tempo de quatro anos, enquanto os equipamentos têm garantia e produzem energia por 25 anos. “É um investimento muito interessante, porque a energia nunca deixará de ser consumida, muito pelo contrário, com a tecnologia que só vai se aperfeiçoando, o consumo energético só tem aumentado. Então, hoje, a única opção que o produtor rural tem de se livrar das contas é com a energia solar, além de ser um projeto que ele estará praticando a sustentabilidade”.
Devido à popularização e crescimento do mercado nos últimos anos, os custos para implantar a energia solar sofreram quedas. De acordo com o coordenador estadual da Associação Brasileira de Energia Solar (ABSOLAR) na Bahia, Santiago Gonzalez, os valores variam com o tamanho e características do sistema e o estudo para saber quanto investir deve ser realizado por uma empresa ou profissional de engenharia elétrica, que apresentará as soluções e tecnologias mais adequadas para cada caso.
Por se tratar de um grande investimento, o uso de energia solar pode ser associado exclusivamente a grandes produtores rurais, mas, segundo especialistas, a fonte de energia pode e deve ser utilizada sem restrições. Segundo o engenheiro eletricista Marcus Lima, a tecnologia fotovoltaica também é válida para quem está à frente de pequenas, médias e grandes propriedades, já que o investimento é proporcional ao gasto de energia.
Investimento e retorno
Lucas Macedo explica, no entanto, que, quanto maior a conta de energia elétrica, mais compensador é o projeto de energia solar. “Quem gasta acima de R$ 300 por mês de energia já compensa muito o projeto de energia solar e, quanto maior essa conta, mais interessante vai ficando e melhora o tempo de retorno do investimento. Mas vale para todo produtor rural”, afirma o CEO da SDB Energia Solar.
Projeções apontam para um crescimento acelerado da energia solar nos próximos anos e, apenas para 2023, a Absolar projeta uma ascensão de 10.1 Gw. No agronegócio não seria diferente, uma vez que, cada vez mais, os produtores têm encontrado na tecnologia fotovoltaica a solução para diversos problemas.
“Em relação ao agronegócio, certamente vai ser muito mais acentuado o crescimento da energia solar, porque a redução de custos de energia em processos produtivos é fundamental, mas também em lugares onde a rede elétrica ainda não existe ou não atende de forma satisfatória. Hoje, é possível ter sistemas de irrigação de pivô em cultivos que antes eram impossíveis. Um caso muito relevante que serve de exemplo é o de Formosa de Rio Preto, no oeste da Bahia, onde está sendo implantado um sistema nas lavouras com 12 pivôs para irrigação na propriedade, em uma região que não tem energia elétrica”, explica Santiago.
A partir do dia 7 de janeiro de 2023, passará a existir uma cobrança dos custos de distribuição para quem gera a própria energia solar em sistemas conectados à rede, conhecida como “taxação do sol”. Mesmo com esse acréscimo, o coordenador estadual da Absolar na Bahia garante que a instalação da energia solar será compensatória.
“Podemos afirmar, com certeza absoluta, que a energia fotovoltaica, após o dia 7 de janeiro, continua sendo um dos melhores investimentos do ponto de vista de atratividade econômica no Brasil, pois promove a agricultura sustentável com preço menor que outras fontes, crescimento econômico inclusivo e sustentável, capilaridade em todo o estado da Bahia e o País, industrialização inclusiva e sustentável, assegurando padrões de produção e de consumo também sustentáveis”, assegura o especialista