12/09/23 | São Paulo
Reportagem publicada pelo Portal Solar
Pesquisa do Instituto Fraunhofer ISE coloca país entre as regiões mais competitivas para fabricação e exportação do combustível e derivados para a Europa
Brasil, Colômbia e Austrália oferecem as melhores condições de custo para a produção e exportação de hidrogênio verde e seus derivados para a Europa, mostra pesquisa do Instituto Fraunhofer ISE. Foram analisadas 39 regiões em 12 países pré-selecionados pela H2Global Fundation, para determinar onde a produção desses insumos, em conjunto com o transporte para a Alemanha, seria mais competitiva.
O resultado mostra que Brasil, Colômbia e Austrália oferecem condições muito favoráveis para exportar amônia verde, metanol e querosene sintético. Já a exportação de hidrogênio verde gasoso seria mais viável no sul da Europa e no norte da África, considerando a disponibilidade de uma rede de dutos de transporte.
“De acordo com nossos cálculos, os custos de produção local de hidrogênio verde gasoso são mais baixos no Brasil, Austrália e no norte da Colômbia. Nesses países, custa entre 96 e 108 euros para produzir hidrogênio verde o bastante para entregar 1 MWh de energia. Nesse caso, 1 MWh de hidrogênio verde equivale a 3,20 a 3,60 euros por quilo”, disse o autor do estudo e pesquisador do Fraunhofer ISE, Cristoph Hank.
Conforme a pesquisa, o alto número de horas combinadas de uso de energia solar e eólica é uma vantagem essencial para esses países, assim como custos baixos de investimento. Se for levado em conta o transporte em navios para a Alemanha, seja na forma de hidrogênio líquido ou amônia, os melhores custos de fornecimento seriam de 171 euros por MWh.
A pesquisa destaca que uma grande distância entre o local de produção e uso final não é um critério de exclusão para amônia, metanol ou querosene, em razão da alta densidade de energia e da logística já bem estabelecida no transporte desses insumos.
Transporte por dutos
Considerando que os primeiros trechos de uma infraestrutura de dutos sejam construídos até 2030, grandes quantidades de hidrogênio verde poderiam ser transportadas para Europa de forma eficiente em termos de custos.
Na análise, regiões na Argélia, Tunísia e Espanha tem os menores custos de suprimentos para hidrogênio gasoso, a 137 euros por MWh, incluindo o transporte por meio de dutos de gás natural convertidos para o hidrogênio. Isso corresponde a 4,56 euros por quilo de hidrogênio verde.
Combustível para a descarbonização
O hidrogênio verde e seus derivados (amônia, metanol e querosene sintético) armazenam e permitem o transporte da energia do Sol e do vento. Muitas indústrias que não podem utilizar diretamente a eletricidade como fonte de energia irão depender desses insumos como alternativa aos combustíveis fósseis.
Conforme cálculos feitos pelo Fraunhofer ISE, a Alemanha precisará desses vetores de energia limpa, sejam produzidos domesticamente ou importados, equivalentes a pelo menos 1 TWh até 2030.