09/10/23 | São Paulo
Reportagem publicada pelo Portal Solar
Paridade econômica chegará ainda mais cedo para veículos de uso comercial, mostra pesquisa da Mckinsey
Carros elétricos de passeio voltados para o uso pessoal deverão ter custos similares a veículos a combustão no Brasil em 2028, mostra estudo da consultoria Mckinsey. O levantamento indica que a viabilidade econômica será ainda mais rápida para automóveis comerciais, em razão do uso diário mais intenso.
A pesquisa leva em conta o Custo Total de Propriedade (TCO, na sigla em inglês), que abrange todos os gastos relacionados a aquisição, uso e manutenção do veículo. A estimativa mostra que os elétricos têm uma tendência de queda em comparação com modelos tradicionais, de forma que o fator econômico deixará de ser uma barreira ao mercado consumidor brasileiro.
Conforme o estudo, o Brasil deverá ter 11 milhões de veículos a bateria (BEVs) em 2040, representando 55% das vendas de novos automóveis, 20% de todo o parque instalado e uma receita anual de US$ 65 bilhões.
Demanda por energia
A pesquisa foi apresentada pelo sócio da Mckinsey em São Paulo, Felipe Fava, durante o Congresso da Mobilidade e Veículos Elétricos (C-MOVE), realizado na capital paulista na última quinta-feira (05/10).
Conforme o especialista, o avanço previsto na eletrificação da frota deverá trazer impactos para o mercado de distribuição de energia. “O aumento na carga não causa preocupação para a geração e transmissão nos próximos sete anos. O desafio está na ponta”, disse Fava.
Isso ocorre em razão de uma demanda extra por eletricidade para a realização da recarga dos veículos. Pelo padrão de uso dos motoristas, esse carregamento tende a ocorrer nas mesmas horas do dia.
Para lidar com esse cenário, Fava citou o exemplo distribuidoras na Califórnia, Estados Unidos, que estão oferecendo serviços de armazenamento de energia para gerenciar o pico da demanda.
Imposto de importação
Desde 2015, a importação de carros elétricos é isenta de impostos no Brasil. Anteriormente, essa alíquota era de 35%. Porém, no último mês, cresceu o debate sobre a retomada da taxação no setor automotivo.
Embora não exista confirmação da medida por parte do governo federal, uma reunião realizada na última quarta-feira (04/10) entre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) deu força aos rumores de que imposto poderá ser retomado em novembro.
Durante o C-MOVE, o diretor comercial da GWM Brasil, Oswaldo Ramos, defendeu que a taxação só deveria ser retomada após uma maior consolidação da indústria nacional. “O imposto precisa vir depois de construir a produção local. É preciso primeiro atrair o investimento para o país.”
O líder em relações governamentais da General Motors, Daniel Caramori, também acredita ser muito cedo para encerrar a isenção, levando em conta a penetração de mercado dos veículos elétricos.
“Podemos discutir a separação dos híbridos com os totalmente elétricos. Mas é preciso proteger a produção que já existe. Os fabricantes locais precisam importar ainda. Além disso, o carro é só uma parte do mercado. Existem outros elos que precisam amadurecer”, destacou o executivo.