10/06/22 | São Paulo
Reportagem publicada pelo Brasil energia
Instalada no reservatório Alqueva, vai funcionar híbrida com hidrelétrica; nos próximos, mais 70 MW serão instalados
Está prestes para entrar em operação, em julho, a maior usina solar fotovoltaica flutuante construída em um reservatório de hidrelétrica na Europa. O projeto de 5 MW, da EDP, tem 12 mil módulos solares fotovoltaicos e ocupa 4 hectares do reservatório de água do Alqueva, em Portugal.
Sob investimento de 6 milhões de euros, a UFV flutuante funcionará hibridizada à usina hidrelétrica de 520 MW do local e ainda contará com sistema de armazenamento de energia, com a instalação de duas baterias com uma capacidade de armazenamento total de cerca de 2MWh.
Em maio, segundo consulta do Energia Hoje junto à EDP Portugal, foi concluída a fase decisiva da construção da UFV, ou seja, foi deslocada a plataforma com os módulos até a zona definitiva do reservatório, onde está agora ancorada a usina para posterior ligação à rede e entrada em operação.
O projeto da EDP segue uma estratégia bem delineada de expansão na fonte solar FV na versão flutuante. Há cinco anos a empresa de energia tinha dado largada ao primeiro projeto do mundo em reservatório de barragem, o Alto Rabagão, um projeto piloto testado em condições mais agressivas.
A próxima etapa da estratégia é implantar, nos próximos anos, um segundo parque solar flutuante ainda maior no reservatório de Alqueva, com 70 MW de potência, que foi negociado em recente leilão de energia em Portugal.
A UFV que entrará em operação em julho produzirá cerca de 7,5 GWh por ano e a estimativa é de abastecer o equivalente a mais de 30% das famílias da região – Portel e Moura –, o que corresponde a cerca de 1.500 famílias.
Como inovação, a usina também contará, pela primeira vez, com flutuadores feitos à base de plástico reciclado e compósitos de cortiça, que vão reduzir a pegada de carbono do projeto.
Alto Rabagão
O ponto de partida da EDP para os investimentos em solar flutuante, o projeto piloto Alto Rabagão, de 220 kW, implantado em 2016, foi decisivo para a empresa ganhar confiança na hibridização de usinas hidrelétricas.
Segundo a EDP, ele foi instalado em condições adversas de instalação em grande reservatório (ou albufeira, como se fala em Portugal), com elevada profundidade e variação do plano de água.
Ligada à rede elétrica da UHE, aproveitando a infraestrutura existente, as condições de teste envolveram ainda fortes correntes e ondulação do rio, temperaturas extremas de frio e calor, ventos agressivos, neve, tempestades e outras situações que permitiram testar os limites de performance da plataforma.
Com o passar dos anos, em análise de seu desempenho, a EDP concluiu que a tecnologia tem robustez suficiente face às piores condições atmosféricas e ainda assim demonstra geração elevada, já que os módulos solares se beneficiam do efeito de arrefecimento da temperatura, dada a proximidade à superfície da água.
Para a empresa, “o projeto demonstrou as potencialidades técnicas e econômicas de centrais solares flutuantes, ligadas à rede ou ligadas às centrais hidrelétricas existentes, demonstrando o conceito inovador de hibridização de energia renovável não despachável (solar) com as centrais despacháveis (hídricas).”