Energia solar: setor cobra incentivo para implantar fábricas no estado

08/12/16 | São Paulo

A Tarde

 

Em um dos mais concorridos eventos realizados na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), em Salvador, empresários e autoridades ligados à cadeia produtiva de fontes renováveis apresentaram nesta terça-feira, 6, durante o Encontro Baiano de Energia Solar, os estudos mais recentes, expertises na área, bem como os dados que fazem da Bahia o estado com maior potencial do setor no país.

Na maioria dos participantes, a expectativa de que os fornecedores de equipamentos anunciassem a implantação de fábricas no estado, o que acabou não acontecendo.

A instalação de empresas da cadeia produtiva da energia solar na Bahia reduziria significativamente os custos atuais de implantação de projetos, o que tornaria o estado ainda mais competitivo neste segmento.

A cadeia envolve, por exemplo, fabricantes de cabos elétricos, conversores, estrutura de suporte dos sistemas e módulos fotovoltaicos, além de materiais usados para composição dos paineis, como vidro, alumínio e insumos químicos das chamadas células fotovoltaicas.

“Temos, por exemplo, problemas de competitividade com países que desenvolvem políticas de incentivo para a geração de energia solar, além de uma carga tributária elevada que, lamentavelmente, ainda inviabilizam maiores investimentos dos fabricantes no país, mesmo na Bahia, que se destaca por seu potencial natural”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Sauaia.

O estado apresenta o maior índice do país de irradiação solar em plano inclinado, com média anual de 6,1 kWh/m², o que é potencializado pela extensão territorial.

Diferencial

“Hoje, precisamos trazer fornecedores do Rio Grande do Sul, São Paulo, Ceará e Minas Gerais para fazer, aqui na Bahia, a montagem de estruturas de sistemas solares, numa atividade que, apesar dos custos atuais de logística, tem alta viabilidade, diante justamente do potencial diferenciado do estado”, afirmou o executivo de desenvolvimento de negócios da empresa francesa Exosun, Rafael Barbosa.

A companhia mantém, há pouco mais de um ano, uma unidade de desenvolvimento de projetos e montagem de sistemas de energia solar no bairro do Saboeiro, em Salvador.

“Hoje, até mesmo em seus estados de origem, os fornecedores enfrentam problemas diante da falta de uma política industrial no país para este segmento”, disse Barbosa. “Infelizmente, eles precisam ainda se instalar em estados onde possam contar com outras indústrias que lhe deem suporte”, explicou. Barbosa foi um dos expositores do painel da cadeia de fornecedores, que reuniu empresas nacionais e internacionais que estão “de olho” no mercado baiano.

“O estado já é líder na geração solar de grande porte e o 10º em mini e microgeração distribuída, enfretando, como em todo o país, os gargalos das linhas de transmissão, que já começam a ser repensados e ajustados, e que está apenas à espera também de medidas que estimulem a implantação da cadeia de fornecedores para deslanchar de vez”, resumiu Sauaia, da ABSOLAR.

Representantes do Ministério de Minas e Energia, Fieb, Sebrae, governo do estado e prefeitura participaram do evento, que contou ainda com painel mediado pelo jornalista Donaldson Gomes.