25/10/22 | São Paulo
Reportagem publicada pelo O Otimista
Estado possui 468,8 MW em operação nas residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos, segundo a ABSOLAR
O Ceará ultrapassou 41,8 mil conexões de geração própria de energia solar em telhados e pequenos terrenos, 110% a mais do que o registrado até outubro do ano passado (19,9 mil). O Estado possui 468,8 megawatts (MW) em operação nas residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos, ocupando a décima posição no ranking nacional. No Nordeste, figura na segunda colocação, atrás apenas da Bahia (587,2).
No País, os cinco primeiros em capacidade instalada de placas fotovoltaicas são Minas Gerais (2.128,7), São Paulo (1.814,9), Rio Grande do Sul (1.539,2), Mato Grosso (843,8) e Santa Catarina (739,7). Os dados são da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).
De 2012 até 2022, a geração própria de energia solar já proporcionou ao Ceará mais de R$ 2,5 bilhões em investimentos, mais de 14 mil empregos e a arrecadação de mais de R$ 636,7 milhões aos cofres públicos. O Brasil possui atualmente mais de 1,3 milhão de sistemas solares conectados à rede, o que impacta cerca de 1,7 milhão de unidades consumidoras. O volume chegou a 14 gigawatts de potência neste mês, superando, por exemplo, a capacidade da usina hidrelétrica de Itaipu.
Conta de luz
Além disso, no Ceará, 51,8 mil consumidores de energia elétrica contam com redução na conta de luz e maior autonomia em razão da energia solar. O consultor em energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço, observa que o Estado segue em excelente colocação no ranking nacional.
“Isso ocorre devido ao trabalho das empresas cearenses que são bastante ativas e têm dado essa oportunidade de o Estado se desenvolver na autogeração de energia solar. Os consumidores seguem decidindo pela geração própria porque o custo de energia é bem inferior à tarifa cobrada pela concessionária. Inicialmente, é preciso um investimento para a instalação das placas, mas a diferença de custo depois é muito acentuada”, diz.
Segundo o diretor de geração distribuída do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Ceará (Sindienergia-CE), Hanter Makins, a adesão dos consumidores tende a crescer ainda mais nos próximos anos, principalmente, na região Nordeste e no Ceará, devido a condições climáticas favoráveis.
“No caso do nosso Estado, temos capacidade de geração acima da média de outros. Considerando o elevado preço da energia elétrica no País, faz muito sentido o consumidor procurar outras fontes, e é algo vantajoso”, afirma, destacando que o consumidor gasta, em média, R$ 15 mil na aquisição e instalação de placas fotovoltaicas.
Impulso
Ele cita da força do mercado cearense na área de energias renováveis, que deverá ganhar mais impulso com o Hub de Hidrogênio Verde no Complexo do Pecém, refletindo diretamente na fonte solar e contribuindo com a transição energética no Estado.
Coordenador estadual da ABSOLAR no Ceará, Jonas Becker acrescenta que a tecnologia fotovoltaica representa um enorme potencial de geração de emprego e renda, atração de investimentos privados e colaboração no combate às mudanças climáticas. “O avanço desse setor é fundamental para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do Brasil, ajudando na segurança energética, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco da ocorrência de bandeira vermelha na conta de luz da população”, diz.
Ele lembra que o consumidor que aderir à tecnologia de geração de energia solar até o dia 6 de janeiro de 2023 vai garantir, por mais de duas décadas, a isenção dos custos referentes à distribuição. É o que prevê a Lei nº 14.300/2022, sancionada no dia 7 de janeiro deste ano, que ficou conhecida como o Marco Legal da Geração Distribuída.