20/10/17 | São Paulo
Após quase dois anos de forte queda na contratação de usinas geradoras de energia, o governo já planeja o cronograma de leilões para o próximo ano e gera expectativa entre as indústrias, que hoje brigam por mais espaço na matriz energética.
Além dos dois leilões marcados para dezembro, há outros dois já previstos para 2018, segundo o Ministério de Minas e Energia.
O primeiro deles deverá ocorrer no primeiro trimestre e vai contratar projetos novos, com prazo de entrega de quatro anos. O segundo terá prazo de seis anos, e ainda não tem data definida.
Ainda não foi definido o volume de energia que será contratado em cada um deles, mas a perspectiva do setor é que ele aumente em 2018 –embora ainda não aos patamares anteriores à crise.
A demanda dos leilões é definida pelas distribuidoras, que hoje têm 4,7% de sobra deenergia, segundo a Abradee, associação do setor.
Com a retomada da economia e a descontratação de projetos atrasados, a expectativa é que esse excedente seja zerado entre 2021 e 2022, afirma Nelson Leite, presidente da entidade.
Leilões de energia elétrica
Daí a necessidade de voltar a fazer leilões –uma vez que o projeto ganha o certame, há um prazo de anos para que a usina seja construída e possa entregar energia.
Mesmo com a retomada das contratações, a disputa por espaço entre fontes –como eólica, solar, térmica e pequenas hidrelétricas– será acirrada em 2018, afirma Thaís Prandini, diretora-executiva da consultoria Thymos.
"Não há leilões há muito tempo, então, neste ano, terá pouco espaço para todo mundo. Em 2018, isso vai se estabilizar, mas ainda haverá muitos projetos querendo sair do papel. O número de concorrentes aumentou nos últimos anos, e a ociosidade da indústria é alta."
A tendência é que a matriz energética se diversifique nos próximos anos, com uma maior entrada de renováveis e de usinas térmicas a gás natural, diz Paulo Mayon, sócio da comercializadora Compass.
"Haverá espaço para diferentes fontes, mas ainda não em 2018. A disputa deve se manter, mas o governo passou a usar critérios muito técnicos para definir os leilões."
Além dos leilões já previstos, as indústrias fazem outros pleitos ao governo.
O setor de geração térmica pede a realização de um leilão de segurança energética, para garantir o suprimento em casos como a atual crise hídrica –que derrubou o nível dos reservatórios e provocou o acionamento de usinas térmicas a óleo diesel, que são de alto custo.
"Há a necessidade de um leilão para que usinas a gás natural, mais baratas, possam ser utilizadas nessas situações", diz Xisto Vieira Filho, presidente da Abraget (associação do setor).
As usinas a gás também são apontadas como uma saída para cobrir a intermitência eólica e solar nos períodos em que não venta ou faz sol.
A indústria solar, por sua vez, pleiteia a participação da fonte em todos os leilões previstos para 2018. O setor ficou de fora de um dos certames programados para dezembro, e pede que "não haja discriminação nos próximos", diz Rodrigo Sauaia, presidente da ABSOLAR, entidade do setor.
Além disso, a indústria pleiteia um novo leilão com prazo de entrega para 2020 –as distribuidoras, porém, avaliam que há pouca chance.