Incentivos às renováveis e baterias reduziriam conta de luz

03/09/24 | São Paulo

Aumento na tarifa de energia pela bandeira vermelha 2 seria menor se não fossem os cortes nas usinas renováveis e os impostos em baterias, avalia ABSOLAR

Reportagem publicada pelo Canal Solar

O aumento na conta de luz dos brasileiros, anunciado pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), com início em setembro da bandeira vermelha no patamar 2, poderia ser menor se não fossem os cortes recorrentes nas usinas de energias renováveis mais competitivas. 

O aumento nas tarifas ocorre por conta da falta de chuvas e acionamento de termelétricas fósseis, mais caras e poluentes, mas também poderia ser aliviado pela redução dos impostos nas tecnologias de armazenamento, capazes de aumentar a disponibilidade das fontes limpas, segundo avaliação da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica). 

Para a entidade, esse cenário acende um alerta para a necessidade de reforçar o planejamento e os investimentos na infraestrutura do setor elétrico, sobretudo em linhas de transmissão e novas formas de armazenar a energia limpa e renovável, gerada em abundância no país. 

Para isso, Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR, argumenta que seria fundamental aplicar para as tecnologias de armazenamento de energia elétrica o mesmo tratamento fiscal utilizado para as fontes renováveis, pois, segundo ele, a carga tributária sobre baterias ultrapassa os 80% atualmente. 

“O Brasil está dez anos atrasado frente ao mundo no uso de baterias e isso prejudica o protagonismo do País na corrida pela transição energética e pela consolidação de uma economia cada vez mais robusta, competitiva e sustentável”, aponta o executivo. 

“Já em relação aos cortes de geração renovável (constrained-off ou curtailment), eles são determinados diretamente pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). Ou seja, os empreendedores não possuem controle e nem responsabilidade sobre essas decisões, que já representam um desperdício acumulado de energia limpa de cerca de R$ 1 bilhão nos últimos dois anos. Trata-se de um grande contrassenso, pois o país aciona usinas mais caras e poluentes, ao mesmo tempo em que restringe a geração solar e eólica”, ressalta Sauaia.  

Por sua vez, Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, reforça que o uso da energia solar e tecnologias de armazenamento ainda pode aliviar a pressão sobre as tarifas de energia elétrica e o aumento na inflação. 

“Neste cenário, a geração própria solar é uma das melhores soluções para se proteger das bandeiras tarifárias e, assim, aliviar o bolso dos brasileiros diante de uma escassez hídrica cada vez mais frequente”, diz ele.

O executivo frisa também que a fonte solar é estratégica para a diversificação da matriz elétrica e o crescimento econômico e sustentável do Brasil. “Além de preservar os recursos hídricos, a solar é líder na geração de empregos verdes e de qualidade”, comenta Koloszuk.