13/11/23 | São Paulo
Reportagem publicada pelo Aracaju Agora Notícias
Todos os anos, líderes mundiais, entre representantes de entidades governamentais e membros da sociedade civil, se reúnem para a Conferência das Partes (COP), que agrega as nações-membros da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC). A edição deste ano acontece em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e uma comitiva do Governo de Minas Gerais vai participar ativamente dos debates.
O Estado tem feito um esforço amplo e consistente para alcançar o posto de unidade da federação com a economia mais verde do Brasil. Em outubro deste ano, viu a estratégia ser reconhecida em nível internacional. Foi quando a Investimentos -em-energia-limpa.ghtml”>Invest Minas, agência de promoção de investimento e Comércio exterior , foi premiada durante o 8° Fórum Mundial de Investimentos , realizado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em Abu Dhabi, também nos Emirados Árabes Unidos.
O órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU) atestou os esforços de Minas Gerais em viabilizar Investimentos em energia limpa e em soluções sustentáveis de mobilidade. Um mês antes, em setembro, Minas foi o único estado de qualquer país da América do Sul a participar da Cúpula de Ação Climática da ONU durante a 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada em Nova York (Estados Unidos).
De acordo com Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 95,7% da matriz elétrica de Minas Gerais é baseada em fontes renováveis, incluindo biomassa, energia eólica, hídrica e solar. Essa última, aliás, conta com uma atenção especial: o estado já ultrapassou a marca de 6,8 GW de capacidade instalada , unindo os modelos de geração distribuída e centralizada, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).
É o equivalente a mais da metade da produção total da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a maior do Brasil e a quarta maior do mundo. E o estado tem capacidade para ultrapassar a marca de 40 GW em capacidade de produção solar. Atualmente, cada um dos 853 municípios de Minas Gerais tem ao menos uma unidade de geração de energia fotovoltaica.
A energia solar é o segundo setor que mais atrai Investimentos em Minas Gerais. Dos R$ 380 bilhões atraídos pelo estado, entre 2019 e 2023, mais de R$ 73 bilhões são referentes ao segmento. Os Investimentos têm por objetivo não só aumentar ainda mais a disponibilidade de energia renovável, mas também garantir que o estado se fortaleça como um polo de fabricantes de equipamentos, fornecedores de peças e mão-de-obra especializada em energia limpa.
Neste contexto, em 2022 o estado atraiu a primeira fábrica de equipamentos produtores de hidrogênio verde no mundo. A empresa alemã Neuman & Esser está comprometida a investir R$ 45 milhões para fabricar os geradores de hidrogênio verde por meio de eletrólise e reformadores de etanol e biometano, além de desenvolver outras tecnologias.
Minas estabeleceu o Plano Estadual de Hidrogênio de Baixo Carbono (PEH2BC), que posiciona o estado estrategicamente para o desenvolvimento da cadeia produtiva de hidrogênio verde e seus derivados. O PEH2BC busca a adesão da economia mineira ao hidrogênio de baixo carbono para a geração de Renda e empregos verdes, atrair Investimentos sustentáveis e descarbonizar a economia.
Aliado ao PEH2BC, a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), que se destaca por ser pioneira no ensino de Engenharia Mecânica e Elétrica, inaugurou, em setembro de 2023, o Centro de Hidrogênio Verde. O projeto está inserido em uma parceria com a Agência Alemã de Cooperação Internacional (Giz), o qual contará com uma planta de eletrólise no futuro e possui importante potencial no desenvolvimento de pesquisas e tecnologias no campo da produção e do uso de hidrogênio, bem como a expansão desse mercado e aplicação na Indústria
Aposta em biocombustíveis
O processo de descarbonização da economia mineira vai além da energia elétrica e envolve também um esforço para atrair Investimentos aplicáveis à fabricação de produtos para substituir os combustíveis fósseis.
Recentemente, em setembro, o estado anunciou que atraiu R$ 11,3 bilhões a serem aplicados na produção de etanol , com o objetivo de posicionar a região entre as maiores produtoras do mundo neste combustível – com o benefício adicional de garantir a geração de 1,6 mil empregos diretos. Os Investimentos serão feitos por 12 empresas do setor em diversos pontos da cadeia produtiva, desde o plantio e colheita da cana até a produção de energia renovável.
Atualmente, Minas Gerais é o quinto maior estado produtor de etanol do Brasil, com uma representação de 9,25% da produção total. No período entre 2022/2023, foi o terceiro na participação na área colhida de cana de açúcar, representando 10,82% da colheita nacional.
Em setembro, o Estado anunciou que atraiu R$ 11,3 bilhões a serem aplicados na produção de etanol, com o objetivo de posicionar a região entre as maiores produtoras do mundo neste combustível. — Foto: Marco Evangelista / Imprensa MG
Ao fortalecer o setor sucroenergético, o estado também incentiva o uso de biomassa como matéria-prima para geração de energia limpa. As usinas mineiras em atividade produzem atualmente cerca de 2,6 GWh em energia utilizando a palha e o bagaço da cana, o que representa 14% da produção de bioeletricidade no Brasil.
Além disso, Minas Gerais firmou um protocolo de investimento com a empresa italiana ASJA para a instalação de uma fábrica de biometano no aterro sanitário de Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte. Serão investidos R$ 152 milhões em uma planta que promete ser modelo para Minas e o Brasil no reaproveitamento dos resíduos orgânicos das grandes cidades. O biometano pode substituir o gás natural no abastecimento de indústrias e veículos.
Junto ao esforço de aumentar a disponibilidade de biocombustíveis, Minas Gerais também incentiva o desenvolvimento de tecnologias para que esses combustíveis sejam utilizados no estado. É o caso do apoio à empresa Stellantis, dona de marcas como a FIAT, que está desenvolvendo um grande programa de pesquisa e produção de carros com motores híbridos, com baixo impacto ambiental.
Assim, Minas Gerais caminha na direção de cumprir a meta de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050. Foi o primeiro estado da América Latina e do Caribe a assumir publicamente esse compromisso ao aderir à campanha global Race to Zero.