27/10/22 | São Paulo
Após uma semana de curso de autogestão comunitária, os 24 jovens formados para instalação, manutenção e reparos de sistemas fotovoltaicos, voltam para suas aldeias e comunidades do Baixo e Médio Tapajós, em Santarém , oeste do Pará, com o desafio de multiplicar conhecimento.
Liderado pelo Núcleo de Acesso à Água, Saneamento e Energias Renováveis do Projeto Saúde e Alegria, o curso “Eletricistas do Sol” chega a sua 5ª edição, com 115 participantes formados. Desta vez, além de comunidades do Baixo Tapajós, aldeias Munduruku do Médio Tapajós (DSEI/Sesai) se integraram às formações. Nessa área, foram instalados sistemas de água e de energias renováveis.
“É mais um passo para autogestão e autonomia comunitária, com muitas coisas podendo ser resolvidas nas próprias localidades que contam com algum tipo de equipamento, sem precisar esperar alguém vir de longe. Ou sem mais serem enganados pelos vendedores “enroladores” da cidade”, explicou o coordenador do PSA, Caetano Scannavino.
A proposta é possibilitar caminhos para uso das tecnologias de ponta, na ponta, para que comunidades beneficiadas com sistemas de energia solar para o bombeamento, realizem manutenções e ao mesmo tempo, aprendam um novo ofício para geração de renda.
Seis territórios de atuação do PSA (Flona Tapajós, Resex Tapajós Arapiuns, PAE Lago Grande, PAE Tapará, TI Maró e TI Munduruku) participaram da formação. O grande desafio é capacitar os moradores para que saibam como executar manutenção nos sistemas.
“A assistência e instalação de sistemas nas comunidades se torna muito cara pela distância, dificuldade de deslocamento de profissionais. Às vezes por um problema muito simples é feito um chamado para deslocar um técnico que passa mais tempo viajando do que trabalhando no serviço”, ressaltou o coordenador de negócios sustentáveis do PSA, Davide Pompermaier.
Se depender do Mauro de Cachoeira do Maró, esse não será mais um problema. O comunitário contou sobre o entusiasmo em participar da formação e ter a missão de multiplicar o conhecimento. “Levar para as comunidades o que aprendemos, ensinar. Tive a oportunidade de montar painel”.
A região do Projeto Agroextrativista Lago Grande foi representada pelo integrante do coletivo Guardiões do Bem Viver, Lucas Reis. O jovem falou sobre a necessidade de ter pessoas capacitadas nas próprias comunidades. “É muito importante para nossa vida, para nossas comunidades. Isso vai beneficiar os familiares do Tapajós e Arapiuns. Estamos tendo esse entendimento para sermos multiplicadores na comunidade da gente. Isso vai facilitar a vida de todos”.
Jovens Munduruku e profissionais do DSEI e AISAN, foram formados como Eletricistas do Sol para instalação, manutenção e reparos dos sistemas instalados nas aldeias. Edivan Munduruku da aldeia Sawré Muybu, região do médio Tapajós, recebeu a certificação como eletricista do sol e comentou sobre a relevância da formação.
“É de uma importância muito grande a gente aprender, se especializar para que a gente possa estar levando para as aldeias e ensinar os parentes que também vão precisar um dia. Eu achei interessante fazer os cálculos, porque eu achava que era só chegar e armar, pronto, já estava tudo certo. Mas tem uma parte que tem que calcular, saber a parte da intensidade. A parte prática é de suma importância. É bem legal”, refletiu.
Conhecimento Os comunitários foram capacitados em fundamentos da eletricidade básica e sistemas fotovoltaicos off grid. “A partir desse conhecimento eles podem ter mais autonomia para operar os sistemas instalados em suas comunidades. Assim como, realizar manutenções preventivas para evitar falhas nos equipamentos”, pontuou a responsável pela atividade, Jussara Batista.
O curso marcou o encerramento do Projeto Energia Solar para Ribeirinhos da Amazônia (2020-2022) com apoio da MOTT Foundation.
Durante os dois anos de execução o projeto beneficiou 19 comunidades com instalações de energia solar off grid para: 7 pontos de acesso à internet, 6 sistemas para bombeamento de água, 2 unidades básicas de saúde, 2 escolas, 1 unidade de beneficiamento de polpas de frutas e câmara de vacina para o Barco Hospital Abaré II.