02/12/22 | São Paulo
Reportagem publicada pelo Jornal Ponta grossa
Lançado em agosto de 2021, o RenovaPR , programa do Governo do Paraná que facilita a instalação de sistemas de energia fotovoltaica e biogás/biometano para produtores rurais, já conta com 5.251 projetos acatados pelo IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná). É uma soma de investimentos em andamento que ultrapassa R$ 1 bilhão, mobilizados com o apoio do Banco do Agricultor Paranaense.
Para o coordenador estadual do RenovaPR, Herlon Goelzer de Almeida, o programa alcançou este alto investimento porque o impacto da energia nos custos de produção faz com que os agricultores procurem alternativas de geração própria. Ele destaca também que neste ano termina o acordo da Tarifa Rural Noturna, que dá descontos aos produtores, o que impõe a implantação de sistemas de geração própria de energia.
“O RenovaPR estimula que tanto o agricultor quanto cooperativas e agroindústrias invistam na geração da sua própria energia. E para isso concedemos subsídios nos juros com o Banco do Agricultor. Estamos fazendo o nosso papel para a transformação energética do campo”, afirma.
Ildo Alexandre Rottoli, que trabalha com a criação de frangos de corte em Cascavel, no Oeste, foi um dos primeiros agricultores a aderir ao programa. Nos dois barracões de sua propriedade ele abriga 34 mil aves, que demandam cuidados e um alto gasto com energia elétrica.
A necessidade de vários equipamentos para manter as condições ideais para os frangos vinha gerando uma despesa mensal de R$ 3 mil com energia elétrica. Para diminuir esse gasto, Rottoli decidiu apostar na energia solar, uma novidade até então na região. Ele foi o primeiro avicultor a ter um projeto de painéis fotovoltaicos instalado na propriedade, viabilizado pelo programa RenovaPR. O equipamento está em funcionamento desde janeiro deste ano e agora ele paga apenas a taxa básica de consumo.
“No começo eu pensei muito para instalar esses painéis, mas é um bom negócio. Quando eu faço as contas, na ponta do lápis, o que eu pagaria de conta de luz eu pago na prestação do financiamento. Daqui a oito anos estarei livre dessa dívida e os lucros vão aumentar”, comenta o avicultor.
Para viabilizar a instalação das 144 placas solares na propriedade, Rottoli contou com a assistência dos técnicos do IDR-Paraná. “O pessoal fez o projeto e ajudou a arrumar a documentação. Em quatro meses as placas já estavam instaladas”, conta o avicultor. O projeto custou cerca de R$ 200 mil e foi financiado em oito anos.
Em geral, o tempo de retorno sobre o capital investido em energia solar é de 42 meses, segundo o IDR. Já para o biogás é de 6 a 12 meses para a geração térmica substituindo lenha e 18 meses substituindo GLP. Para a geração de energia elétrica por biogás, o retorno acontece entre 36 a 42 meses.
Como as linhas de crédito rural são de 60 a 120 meses, com média de 72 meses, o retorno sobre o capital investido acontece muito antes do vencimento dos prazos dos financiamentos, o que demonstra a viabilidade econômica dos projetos.
O RenovaPR está aberto aos produtores interessados tanto na instalação de unidades fotovoltaicas quanto de biodigestores, que transformam biomassa em energia. Para dar andamento ao projeto, o produtor precisa buscar informação nos escritórios do IDR-Paraná ou no site oficial do órgão.
Caso pretenda aproveitar os benefícios do Banco do Agricultor Paranaense, ele deve procurar também o agente financeiro credenciado a esse programa. Ele prevê que, em projetos contratados até 31 de dezembro de 2022, o Estado assuma integralmente as taxas de juros. São passíveis do benefício valores financiados de até R$ 500 mil para energia solar fotovoltaica e de até R$ 1,5 milhão em biodigestor.
Nesse processo, a Fomento Paraná , responsável pela gestão administrativa e financeira do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE), tem papel fundamental como garantidor da compensação assumida pelo Estado. A contratação pode ser viabilizada no Banco do Brasil, BRDE, Sicoob e Cresol.
Como os incentivos de juro zero para o RenovaPR vão apenas até 31 de dezembro deste ano, é importante que os produtores façam o seu projeto o quanto antes. A partir da procura dos produtores é dimensionado o volume necessário de crédito rural no Paraná para o total atendimento da demanda de projetos, evitando a falta de recursos e aumentos nas taxas de juros.