28/11/23 | São Paulo
Reportagem publicada no Portal Solar
Mercado já cresce rapidamente em países de economia avançada, trazendo mais segurança e economia para consumidores com energia solar
O uso de baterias residenciais em conjunto com sistemas de energia solar deverá se tornar cada vez mais vantajoso e economicamente viável nos próximos anos, em razão de redução de preços e mudanças regulatórias. Esse mercado já ganha tração em países de economia avançada, trazendo maior segurança de fornecimento e economia para os consumidores.
O armazenamento de energia permite o deslocar o consumo da energia solar gerada durante o dia para a noite, também reduzindo a demanda da rede elétrica. Grandes sistemas podem operar de forma centralizada, fornecendo apoio ao sistema elétrico e permitindo a maior penetração de fontes renováveis.
No nível residencial, uma bateria instalada em conjunto com painéis solares carrega durante o dia e abastece o imóvel durante a noite, quando normalmente há mais pessoas em casa e o consumo é maior.
Essa dinâmica também poderá trazer mais estabilidade ao fornecimento de energia da rede elétrica e aos preços de energia, evitando a chamada “curva do pato”, um desequilíbrio de tempo entre o pico da demanda e da geração que ocorre em locais com alta penetração de geração solar.
Esse tipo de instalação permite que o consumidor fique protegido de apagões, com a energia solar operando off-grid, e economizem ainda mais com a conta de luz, reduzindo o uso da eletricidade fornecida pela distribuidora até mesmo durante a noite.
Crescimento global
O uso de baterias residenciais está crescendo rapidamente em países de economia avançada. Conforme análise da Bloomberg New Energy Finance (BNEF) em 2023, cerca de 70% dos sistemas fotovoltaicos residenciais na Alemanha e Itália, além de 20% na Austrália e 13% nos Estados Unidos, contavam com armazenamento em conjunto.
A capacidade instalada global acumulada deverá atingir 34 GWh ao final do ano, dos quais 12 GWh terão sido instalados apenas em 2023. A BNEF acredita que esse mercado poderá ganhar escala com incentivos regulatórios e econômicos.
Descontos para remunerar a rede no sistema de compensação de créditos de energia, a exemplo do que foi recentemente introduzido no Brasil com a Lei 14.300, tornam mais atrativo o uso de baterias, já que a energia armazenada para consumo próprio não é injetada na rede elétrica e nem sujeita aos descontos.
Em entrevista concedida ao Portal Solar, o gerente comercial de armazenamento de energia da Baterias Moura, Adalberto Moreira, destacou esse cenário. “O consumidor poderá chegar em casa no final do dia e utilizar a energia armazenada sem precisar usar a rede elétrica. Isso nos traz uma perspectiva de crescimento do mercado de armazenamento, porque já está fazendo sentido econômico”
Outro ponto que permitirá um maior desenvolvimento desse mercado é uma gama mais ampla de produtos para diferentes perfis de consumidores, trazendo equipamentos de entrada e o atendimento mais personalizada da demanda de energia.
Queda de preços
O principal fator que permitirá o avanço desse segmento é o econômico. Assim como ocorreu com a energia solar, preços mais acessíveis ampliarão o mercado consumidor interessado na aquisição de sistemas de armazenamento. Conforme a BNEF, uma trajetória de redução de custos está em andamento.
Após uma alta registrada em 2022, os preços de baterias voltaram a cair nesse ano. Os conjuntos de bateria lítio apresentaram uma redução de 14% para uma mínima recorde de US$ 139/kWh. O cenário foi causado por queda de custos de matéria-prima e componentes, com a expansão da capacidade instalada e demanda inferior as expectativas da indústria.
A análise indica que a demanda por baterias nos segmentos de veículos elétricos e sistemas estacionários deverão crescer 53% esse ano, atingindo 950 GWh em 2023. Apesar disso, grandes fabricantes reportaram menor índice de utilização de capacidade de suas plantas.
Para 2024, a BNEF espera nova queda de preços dos conjuntos de baterias, atingindo US$ 133/kWh. Inovação tecnológica e desenvolvimentos no processo de fabricação devem impulsionar essa redução ainda mais nos próximos anos, chegando a US$ 80/kWh em 2030.