Transição energética: PwC aponta quatro caminhos para empresas brasileiras

31/03/25 | São Paulo

Consultoria vê no Brasil um dos países mais promissores para liderar a transição energética mundial

Publicado pelo Canal Solar – 28/03/2025

Dentro da agenda de transição energética, o Brasil ocupa lugar de destaque, principalmente em relação à energia renovável, já que quase 90% da matriz elétrica do país vem desse tipo de fonte – enquanto a média mundial é de 28%.

No entanto, ainda há importantes desafios relacionados à descarbonização de outros segmentos da matriz energética nacional. É o que mostra um novo estudo da PwC Brasil , que traça quatro caminhos para ajudar empresas brasileiras a estruturar uma transição energética sólida e efetiva.

Contudo, antes de adotar essas estratégias a consultoria destaca que é preciso considerar o aumento previsto da demanda por energia no mundo: que deve crescer até 1% ao ano e, em 2050, pode estar até 20% acima dos níveis de 2021.

Atualmente, cerca de 80% da demanda de energia primária é atendida por moléculas provenientes de hidrocarbonetos, como petróleo, gás e carvão. Os 20% restantes são fornecidos por elétrons, ou seja, o próprio setor elétrico.

Nesse tabuleiro de números, a companhia destaca que é importante considerar ainda que o consumo de energia representa quase 73% das emissões totais de gases de efeito estufa.

Além disso, mesmo com uma matriz elétrica predominantemente limpa, o Brasil ainda tem uma parcela significativa de emissões. A empresa cita, por exemplo, que dados da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) mostram que cerca de 39% do consumo final de energia veio de petróleo e derivados em 2023, e outros 7% da lenha.

Além disso, 60% da produção primária de energia no país ainda é de fontes não renováveis, com setores como transporte, cimento, siderurgia, química e cerâmica entre os mais emissores.

Ao contemplar esses números e o cenário de oportunidades para a transição energética dentro e fora do Brasil, a PwC Brasil avalia que há uma possibilidade maior de exploração dos recursos renováveis e menos poluentes.

“Para que a transição aconteça de forma responsável, já há inclusive cálculos. Atingir as metas mundiais de transição varia de US$ 4 trilhões a US$ 6 trilhões por ano, conforme a IPCC (Agência Internacional de Energia e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), na sigla em inglês).

O primeiro passo, segundo a PwC, é dissociar o crescimento econômico do aumento no consumo de energia. Isso significa produzir mais bens e serviços com menos energia – um movimento considerado essencial para lidar com o consumo desproporcional de energia no mundo.

Como exemplo, é citado que a América do Norte e a Europa compreendem 15% da população global e respondem por 31% do consumo mundial de energia. Na realidade brasileira, a busca por eficiência passa também pela nossa sobreoferta estrutural.

Com novas tecnologias e fontes como a solar e eólica, é possível entregar mais energia, desde que haja um ambiente regulatório favorável, na avaliação de Adriano Correia, sócio e líder de energia e serviços de utilidade pública da PwC Brasil.

Outro caminho é o de impulsionar opções de energia elétrica. Para a PwC, o mundo deve ampliar de forma bastante considerável o fornecimento de eletricidade livre de carbono nas próximas décadas.

Nesse sentido, seria preciso aumentar, de forma equivalente, essa demanda para eletrificação de produtos e serviços que costumavam depender de hidrocarbonetos.

“Esse esforço engloba uma série de ações, como dirigir veículos elétricos em vez de carros e caminhões com motores de combustão. No Brasil, esse movimento ainda é lento por características regionais, mas segue em curso. A expectativa é chegarmos a um break even em 2030”, comenta Correia.

A entidade ainda indica que é preciso descarbonizar a cadeia consumidora de hidrocarbonetos por alternativas ecológicas. A transição para matérias-primas de base biológica, como substituir plásticos por embalagens de base orgânica, pode desempenhar um papel importante.

“As empresas estão tomando medidas para criar cadeias de suprimentos para setores difíceis de descarbonizar e que podem servir de inspiração. Na Suécia, há uma iniciativa para construir uma usina de aço verde que terá capacidade produtiva de cinco

Como quarto passo, a PwC sugere uma espécie de “banco central”, que define políticas independentes sobre problemas ou objetivos de curto prazo, com o objetivo de garantir uma transição estruturada para assegurar um fornecimento de energia confiável e, ao mesmo tempo, incentivar o progresso rumo ao net-zero.

Essa iniciativa poderia ser desenvolvida nas instituições multilaterais existentes para apoiar países para que eles passem da ambição política à execução, o que garantiria que o custo do carbono dentro do sistema permanecesse em sintonia com os objetivos gerais

“O Brasil tem grande potencial para ser protagonista e desenvolver projetos variados, entre eles o de hidrogênio verde, por exemplo. O custo é altamente competitivo devido à capacidade eólica e à incidência solar significativas no país. Ou seja, há mercado, mas as empresas do Brasil precisam se organizar para tirar dessa oportunidade os melhores resultados”, analisa o sócio da PwC Brasil.